Por Natalia Zinets

LVIV, Ucrânia (Reuters) – A Ucrânia acusou a Rússia, nesta quarta-feira (9), de bombardear um hospital infantil na cidade portuária sitiada de Mariupol durante um cessar-fogo que foi acertado para permitir que civis presos na cidade pudessem escapar.

A Rússia havia dito que baixaria as armas para permitir que milhares de civis fugissem de Mariupol e outras cidades sitiadas na quarta-feira. Mas a Câmara Municipal de Mariupol afirmou que o hospital foi atingido várias vezes por um ataque aéreo.

“A destruição é colossal”, disse a Câmara em uma publicação online.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, chamou o ataque de “atrocidade”.

“Ataque direto do Exército russo ao hospital-maternidade. Pessoas, crianças estão sob os destroços”,

disse, no Twitter.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, questionado pela agência Reuters por comentários sobre o suposto bombardeio, disse: “As forças russas não atiram contra alvos civis”.

O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia publicou imagens do que disse ser o hospital, com buracos onde as janelas deveriam estar, em um prédio de três andares. Enormes pilhas de escombros fumegantes completavam a cena.

O governador da região de Donetsk disse que 17 pessoas ficaram feridas, incluindo mulheres em trabalho de parto. Os relatos não puderam ser verificados em um primeiro momento.

Antes, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que a Rússia havia violado o cessar-fogo no porto ao sul, que fica entre áreas de separatistas apoiados pela Rússia no leste da Ucrânia e a Crimeia, anexada por Moscou da Ucrânia em 2014.

“A Rússia continua mantendo 400.000 pessoas como reféns em Mariupol, bloqueando auxílio humanitário e evacuações. O bombardeio indiscriminado continua. Quase 3.000 recém-nascidos não têm remédios e comida”,

escreveu no Twitter.

A Ucrânia disse que pelo menos 1.170 civis foram mortos em Mariupol desde o começo da invasão, e 47 foram enterrados em um túmulo coletivo na quarta-feira. Não foi possível verificar esses números.

Mais de 2 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde que o presidente Vladimir Putin lançou a invasão por terra, mar e ar em 24 de fevereiro. Moscou chama suas ações de “operação militar especial” para desarmar o vizinho e derrubar líderes que classifica como “neo-nazistas”.

O gabinete de direitos humanos da ONU em Genebra, pouco antes do relato de ataque ao hospital, disse que havia verificado 516 mortes de civis e 908 pessoas feridas desde o começo do conflito.

(Reportagem Redações da Reuters)

9 mar 2022, às 17h09. Atualizado às 17h28.
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