por Luciano Balarotti
Com informações de Tiago Silva, da RICtv

O policial federal detido após atirar em quatro pessoas em um posto de gasolina, causando a morte de uma delas, na noite de domingo (1), no bairro Cristo Rei, em Curitiba, aguarda decisão judicial para saber se seguirá preso no decorrer das investigações. O caso está sendo investigado pela Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que já fez diligências no local do crime e irá ouvir testemunhas e os feridos que seguem hospitalizados. A defesa do policial afirmou que ele “teve um surto psicótico, devido ao quadro profundo de depressão que vem enfrentando”.

Em entrevista ao vivo ao Balanço Geral Curitiba, o delegado Tito Barrichello, titular da DHPP, contou quais serão os procedimentos adotados pelos investigadores a partir de agora.

“A DHPP está com esse caso e já estamos apurando os fatos. Temos uma pessoa que foi conduzida em flagrante delito, no entanto é uma persecução penal que está apenas se iniciando porque a tendência é que vá ao Tribunal do Júri, portanto provas precisam ser produzidas. Este é o primeiro ato da DHPP, estamos no local, estamos atrás de câmeras de segurança, de imagens, para compreender a dinâmica dos fatos e apitar o fato com rigor, como sempre fazemos”,

afirmou o delegado

Ele comentou ainda as informações iniciais de que o suspeito declarou ter agido em legítima defesa e explicou como as investigações serão conduzidas para definir a tipificação do caso.

“Isso vai ser apurado no decorrer da investigação. Em um primeiro momento posso dizer que há indícios de um homicídio qualificado até por motivo fútil. Isso significa que, em regra, há indícios, há sinais de que se tratar de um homicídio por motivo fútil e também por não permitir qualquer chance de defesa às vítimas que estavam desarmadas. Uma que perdeu e vida e outras que estão feridas. Então temos que ouvir com rapidez todas as testemunhas, fazer a produção probatória e tomar as medidas cautelares que forem cabíveis. A prisão foi em flagrante e agora depende do Poder Judiciário a análise de um eventual conversão em prisão preventiva. Por isso é importante estarmos no local para instruirmos o inquérito, para mostrarmos como os fatos ocorreram e para verificar se existe efetivamente esse excludente de antijuridicidade que é a legítima defesa, ou se existe o motivo fútil que é um qualificador do crime hediondo, que tem uma pena de 12 a 30 anos”,

explica

O primeiro passo para essa fase das investigações acontecerá ainda nesta segunda-feira (2), já que o delegado irá ouvir uma das vítimas hospitalizadas. Após ouvir os demais feridos e as testemunhas que estavam no posto na hora do tiroteio, a DHPP fará a reconstituição do crime. De acordo com algumas pessoas que estavam no posto na hora da confusão, o suspeito teria disparado ao menos dez vezes. Ele entregou a arma, uma pistola calibre 9mm pertencente à Polícia Federal, no momento em que foi preso.

“Quando nós conseguirmos compreender a dinâmica dos fatos vamos fazer essa reconstituição. Essa reprodução simulada vai ser importante no Tribunal do Júri, que é o juiz natural dos crimes dolosos contra a vida. Então, para evitar injustiças e também evitar a impunidade, porque não importa se é policial civil, se é policial federal, todos nós temos uma lei que está acima de nós, e quem mata tem que ter uma consequência”, complementa o delegado.

A defesa do policial federal Ronaldo Massuia da Silva se posicionou por meio de uma nota oficial, em que afirma que seu cliente teve um surto psicótico causado por uma depressão profunda, e que aguardará a continuidade das investigações para se pronunciar novamente.

Confira a íntegra da nota da defesa do policial:

Em face dos fatos ocorridos na noite de ontem, nas dependências de um posto de gasolina no Cristo Rei, a defesa do Policial Federal informa que seu cliente teve um surto psicótico, devido ao quadro profundo de depressão que vem enfrentando.

O Policial Federal se encontra extremamente abalado por toda a situação, principalmente pela perda de uma vida e pelas outras três vítimas que se encontram hospitalizadas.

A defesa irá aguardar o deslinde das investigações para se manifestar sobre maiores detalhes do caso.

Curitiba, 02 de maio de 2022.
BONA & RODRIGUES ALVES ADVOGADOS“.

O Balanço Geral também teve acesso ao breve depoimento prestado pelo suspeito logo após à prisão, em que ele exerce o direito de se manter em silêncio.

“Eu tô emocionalmente abalado, sabe? De alguma forma, no princípio das coisas eu agi em legítima defesa, sabe? Só que eu tô muito emocionalmente abalado. Acho que é melhor (permanecer calado) né, nesse dado momento porque eu tô muito ruim, eu tô muito ruim pelos meus filhos, pela minha namorada. Nesse exato momento sim (é melhor ficar em silêncio)”, declarou.

A Polícia Federal, em nota, afirmou que está acompanhando e colaborando nas investigações do caso.

Confira a nota na íntegra:

A Polícia Federal, desde o momento em que tomou conhecimento dos graves fatos ocorridos na noite passada, nesta capital, envolvendo disparos de arma de fogo por um policial federal, com vítimas, acompanha e colabora com as investigações conduzidas pela Polícia Civil do Estado do Paraná.

Imediatamente, foram determinadas as providências legais para a apuração do episódio, sob o aspecto administrativo-disciplinar.

A Polícia Federal lamenta profundamente os acontecimentos e expressa solidariedade neste momento de luto e dor das vítimas, familiares e amigos, ressaltando que tais condutas não refletem a formação, princípios e valores éticos da Instituição”.

Vítimas internadas

A equipe de reportagem da RICtv conversou também com um motorista de aplicativo que conhecia duas das vítimas, colegas de trabalho. Ele falou sobre o estado de saúde de Priscila dal Negro e Eduardo Cruz.

“São dois parceiros nossos que estavam aqui no posto fazendo uma refeição pra trabalhar a noite toda. Trata-se de um pai de família e uma mãe de família. A gente quer cobrar ação da polícia porque ele têm condição de resolver esse caso. A gente quer justiça, mais nada. A Priscila, graças a Deus, está bem, está estável. O Eduardo também está estável. Foram três tiros que cada um levou. A Priscila foi um no ombro, um no abdômen e um na perna. Por Deus ela está viva hoje porque ela tem duas crianças lindas para cuidar ainda, e foi um milagre. O Eduardo levou dois tiros na perna e um de raspão na cabeça, só que ele está com estilhaços no olho, pode ser que perca a visão, não sabemos ainda”, contou Guilherme Machado, representante do Drivers Elite Club, que reúne motoristas de aplicativo.

A reportagem não obteve atualização sobre o quadro de saúde da terceira vítima internada.

2 maio 2022, às 15h18. Atualizado às 19h38.

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