por Daniela Borsuk
com informações de Bruna Froehner, da RICtv

Prestou depoimento nesta terça-feira (10) a ex-namorada do policial federal que matou um homem e baleou outras três pessoas em um posto de gasolina no bairro Cristo Rei, em Curitiba. Ao delegado Wallace de Oliveira Brito, da Polícia Civil, a mulher contou que tentou apaziguar a situação quando percebeu que Ronaldo Massuia da Silva estava envolvido em uma briga, mas que não conseguiu impedi-lo de entrar novamente no estabelecimento onde o crime aconteceu.

Na delegacia, a mulher contou que conhece Ronaldo há 10 anos e que namorou com ele por quatro meses no ano passado. Na noite do dia 1º de maio, ela resolveu ligar para o policial federal, que estava em uma balada e atendeu chorando. Ronaldo teria então passado o celular para o gerente da casa noturna, conhecido da mulher, que pediu para que ela buscasse o amigo pois ele estava embriagado.

(Foto: Reprodução/RICtv)

“Na verdade eu não estava com ele, ele foi a uma festa, eu não fui a essa festa, estava com algumas amigas aquele dia e já em casa, por volta das 10h, eu liguei para ele para ver como ele estava. Ele atendeu o telefone chorando, passou o telefone para o gerente da casa onde ele estava, esse gerente é conhecido meu, é conhecido dele, e falou ‘olha, ele está muito mal aqui, você não tem como levar ele para casa?’. Eu, como faria com qualquer grande amigo, fui até lá, de [transporte de aplicativo], para buscá-lo, para ver como eu poderia ajuda”, relatou a ex-namorada em depoimento.

“Ele estava triste, estava choroso, ele insistia em sair dali com o carro, considerando a situação de embriaguez dele eu assumi a direção porque seria mais seguro, para a gente e para quem eventualmente cruzasse o nosso caminho. Seguimos na direção da casa dele, ele pediu para parar no posto, eu falei que o posto estava muito cheio, que não teria onde parar, ele insistiu porque ele queria comer. Quando a gente parou, eu pedi para que ele ficasse no carro, eu falei ‘fique aqui no carro que eu vou pegar alguma coisa para você comer’. Eu desci, entrei na loja, peguei dois salgados, peguei um refrigerante na geladeira e fui para a fila do caixa. O sistema da loja de conveniência caiu e demorou para que eu fizesse esse pagamento. Nesse meio tempo, o Ronaldo entrou na loja”,

disse a mulher.

Nas imagens de câmeras de segurança divulgadas durante a semana passada, é possível observar o momento em que Ronaldo entra na loja de conveniência do posto e começa a falar com um homem, apoiado no balcão. A ex-namorada contou ainda que viu a interação, mas que não observou que os homens estavam exaltados.

“Eu virei de lado, vi ele conversando com um rapaz que estava no balcão e permaneci na fila porque eu não vi nada de errado naquilo. Daí começou uma briga do meu lado, eu não entendi como começou a briga, eu só tentei apaziguar. Dois rapazes discutiam com ele, eu me coloquei entre eles, falei ‘olha, me desculpem, a gente já tá indo embora’, tentei puxar o Ronaldo, daí foi aquela confusão. De repente, eu me vi em um canto da loja com um grupo de pessoas. Em algum momento, alguém deu um soco nele, não sei da onde veio o soco, eu só vi quando ele voltou que o rosto estava com o nariz sangrando”, explicou.

“Nesse momento ele estava bem próximo da porta, eu puxei ele para o lado, empurrei ele para fora da loja. Ele tentou retornar várias vezes para dentro, eu bloqueei a entrada dele, pedindo para que a gente fosse embora, insistindo várias vezes, até que eu vi que eu não ia [conseguir], que eu não tinha mais o que fazer. Eu soltei a chave do carro que estava comigo e sai andando. Quando eu andei alguns passos para o lado eu ouvi o disparo, olhei a porta estilhaçou toda e aí eu corri, fiquei desesperada. Eu sai correndo para me proteger. Aí eu fiquei escondida ali fora, no posto”,

descreveu a mulher.

Ao ser questionada pelo delegado se Ronaldo estava embriagado, a ex-namorada confirmou que sim e que, pelo mesmo motivo, era ela quem estava dirigindo o veículo do policial federal. Sobre o comportamento do suspeito, a mulher afirmou que ele não costumava brigar e nem ser agressivo com ela, mas que “quando ele [Ronaldo] bebia, ele ficava um pouco mais alterado, ele ficava mais seguro de si”. Ainda, ela contou que não presenciou nenhuma discussão no estacionamento envolvendo Ronaldo e que não foi questionada pelo frentista sobre a vaga em que parou o carro.

A ex-namorada de Ronaldo foi ouvida na condição de testemunha do caso.

ERRATA: Diferentemente de como havia sido informado anteriormente nesta matéria, a ex-namorada de Ronaldo não é representada pelo advogado Nilton Ribeiro.

O que diz a defesa de Ronaldo e a polícia

O advogado Nilton Ribeiro, que defende Ronaldo, destacou a importância de realizar uma reconstituição simulada do crime no local, argumentando que ainda existem “pontos obscuros” no processo.

(Foto: Bruna Froehner/ RICtv)

“Extrema importância para que seja esclarecida a situação. Me parece que têm pontos obscuros neste processo, neste inquérito […] podem conduzir a uma injustiça. E esse soco, como foi? Quem começou a discussão? Tinha mais pessoas tentando pegar, agredir Ronaldo? Claro que para a assistência de acusação está resolvido, mas não é assim que funciona […] Queremos esclarecer pormenores por responsabilidade”,

pontuou Ribeiro.

Com relação ao assunto, o delegado Brito disse que os vídeos das câmeras de segurança ajudaram a entender a dinâmica do crime e que o inquérito está praticamente encerrado. “Imagens são nítidas, esclarecedoras, acredito que imagens falam por si”, afirmou.

O delegado também ressaltou que a ex-namorada tentou impedir a tragédia, mas que não conseguiu. “Ela disse que várias vezes tentou impedir que ele retornasse ao estabelecimento, ela tentou de certa forma impedi-lo, mas não logrou êxito. Uma vez que ele deu o tiro, ela correu para casa, até para se proteger dos tiros”, afirmou. Outra observação do delegado foi com relação ao estado do policial no momento do crime: “ela disse que ele estava embriagado e sem condições de dirigir”.

10 maio 2022, às 13h10. Atualizado às 15h18.

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