por Daniela Borsuk
com informações de Bruna Froehner, da RICtv

Roberto Paulo de Souza, suspeito de matar a namorada em 2014 em Curitiba, se apresentou na Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) nesta quarta-feira (29). Ele deve ficar preso por pelo menos 30 dias já que, contra o suspeito, há um mandado de prisão temporária expedido pela Justiça. Segundo a Polícia Civil, o homem teria planejado a morte de Antuélipa Cristina Bueno Leite motivado por uma possível traição.

De acordo com a polícia, Souza comprou uma arma de fogo, pediu demissão do emprego, vendeu o veículo e teria fugido para Rondônia logo após o crime, em maio de 2014. A vítima desapareceu no dia 22, após sair do trabalho com o então namorado, e o sumiço ficou sem respostas até agosto de 2021, quando uma ossada foi encontrada durante a demolição da casa em que o suspeito morava com a mãe na época dos fatos, no bairro São João, na capital paranaense.

Exames comprovaram que a ossada era de Antuélipa e, após as investigações que apontaram Souza como autor do feminicídio. Na época, a vítima tinha 37 anos e, segundo a perícia, a mulher morreu por traumatismo craniano, ao ser golpeada por algum objeto na cabeça. Quem registrou o boletim de ocorrência do desaparecimento da mulher em 2014 foi a dona do imóvel em que ela morava.

No inquérito policial sobre o caso, testemunhas relataram que o suspeito era muito possessivo e que “bastava que alguém a cumprimentasse [Antuélipa] para que esta fosse ameaçada de morte por Roberto”. Sobre isso, ele disse que “isso não procede” e que “nunca ameaçou ou pressionou ela”.

Em entrevista exclusiva para a RICtv, Roberto de Souza afirmou que está arrependido. “Eu estou me apresentando espontaneamente, para esclarecer realmente o que aconteceu, mas eu não sei o que vai se suceder, então eu vou aguardar. Eu vou estar explicando direito para a doutora, relatando o que aconteceu, a minha participação, com certeza estou arrependido”, disse ele.

O advogado do suspeito, Ricardo Balsan, afirmou que Souza não foi o autor do crime. “Infelizmente a desaparecida foi realmente assassinada, foi morta, mas o meu cliente Roberto tem uma explicação para isso. Não foi ele quem matou, mas ele vai dizer quem foi”, contou Balsan.

(Foto: Diogo Cordeiro/ RIC Record TV)

Culpou a mãe

O suspeito detalhou que conheceu Antuélipa em um posto de combustíveis em Curitiba e que namorou com a mulher por três meses, mas que a mãe dele era ciumenta e impedia o relacionamento. “Já tinha vindo de um relacionamento anterior, já tinha separado da minha ex-esposa, que a minha mãe tinha um histórico de agressão nos relacionamentos que eu tive. Minha mãe não aceitava, controlava minha vida, não aceitava em hipótese nenhuma, parecia que eu era marido dela, ela achava que era minha dona”, disse.

Ainda, Souza afirma que foi a mãe dele, que faleceu em 2020, quem matou a vítima. Ela tinha 72 anos na época. O suspeito teria, no entanto, ajudado a esconder o corpo da namorada.

“No dia que eu busquei ela, que aconteceu, ela sempre passava lá em casa que era caminho para levar ela para casa dela, minha mãe não queria que ela passasse lá, minha mãe tava muito nervosa. Quando eu fui até o banheiro, que eu escutei um grito, minha mãe tinha desferido vários golpes com uma marreta que tinha na casa contra a cabeça dela. Eu me desesperei, minha mãe com muito ódio, falei: ‘meu Deus, mãe, o que a senhora fez? Eu já tive problemas no passado, eles vão alegar que fui eu”. Aí eu e minha mãe tomamos a iniciativa de eu enterrar”,

justificou.

Sobre o “passado” citado por Souza, se trata de uma acusação por ter matado a esposa a tiros, em 2002, em Mogi das Cruzes, São Paulo, em que ele foi condenado e ficou preso por sete anos. Ao ser questionado sobre o crime, Souza novamente culpou a mãe. “Minha mãe não gostava, achava que ela não era boa para mim, e em um dia com a cabeça quente, eu acabei cometendo um ato contra ela. Mas a minha mãe me pressionando, estava perto, a casa era bem perto”.

Com relação a Antuélipa, Souza disse que está arrependido por ter ajudado a mãe a esconder o corpo, segundo a sua versão do crime. “Estou arrependido pela ocultação do cadáver, pelo erro que eu cometi, no desespero do meu passado eu pensei ‘o primeiro suspeito sou eu’. A minha mãe fez eu fugir, enterramos e eu fugi, a minha mãe fez um boletim de ocorrência pelo meu desaparecimento, ela também estava como desaparecida, porque eu e a minha mãe combinamos assim: ela não ia falar onde eu estava e eu também não ia confessar, enquanto ela vivesse, que ela tinha matado a Antuélipa”.

A mãe de Souza morreu em 2020 e segundo o homem, em seu leito de morte, ela pediu perdão por ter interferido em sua vida. “Ela falou assim ‘meu filho, eu não deixei você ser feliz com mulher nenhuma, eu estraguei a sua vida, me perdoa”, relatou. “Eu não conseguia entender porque ela me deixava me relacionar com as pessoas, eu nunca fui feliz”.

Investigações da polícia

A delegada Tathiana Guzella, da DHPP, afirmou que o inquérito caminha para ser concluído e novas diligências só serão realizadas se o advogado de Souza solicitar. “Nós acreditamos que finalmente Antuélipa vai ter paz. Foi um crime bárbaro, foi enterrado o corpo de Antuélipa lá no ano de 2014 quando ela foi dada como desaparecida, já existiu vários indícios de autoria deste crime de homicídio, e só agora comprovadamente ficou materializada essa investigação”, contou a delegada.

29 jun 2022, às 15h18.

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