Dois meses após a morte do filho, Alceu Preisner, falou pela primeira vez com a imprensa. Alceu Preisner Junior, foi localizado carbonizado dentro de um automóvel, em Cascavel, no Oeste do Paraná, no dia 27 de janeiro deste ano. A fala do pai veio após a soltura da ré confessa do crime.

“ Eu vi o depoimento dela, ela assumiu que esfaqueou meu filho, e como ele não morreu na hora, continuou esfaqueado até a morte. Que posteriormente pegou um jovem que pesava 110 quilos e media um metro e oitenta e oito, colocou no porta-malas de uma maneira fria levou até o local e sem nenhuma premeditação queimou. Ela foi solta, alegando que ela tinha que cuidar de uma filha menor, que tipo de sistema é esse? ”

Alceu Preisner -pai

O pai estava acompanhado do assistente de acusação, Luciano Katarinhuk, que não acredita na versão apresentada pela mulher no depoimento.

“ Uma grande sensação de injustiça da família. Não foi um crime comum, foi gravíssimo. Nós temos várias diligências que foram pedidas pelo Ministério Público, com o assistente de acusação, uma delas é a reconstituição do crime. Como que ela tirou uma pessoa com a ajuda de uma criança? é humanamente impossível. As linhas de investigação precisam ser ampliadas.”

Luciano Katarinhuk – advogado de acusação

Durante as falas, por várias vezes o pai se emocionou e diante de toda a situação acredita que a mulher que assumiu a autoria do crime, por algum motivo, está mentindo. 

“Minha família está com medo, não sabemos quem está por trás desse fato. É muito estranho ela assumir sozinha, talvez ela esteja com medo, não temos a menor ideia de qual seria o motivo da morte dele. Meu filho estava bem, vivo, feliz e alegre, chegou em casa, jantou, saiu e não voltou. A mulher que matou meu filho, saiu e está feliz, curtindo sua liberdade, até uma solicitação de amizade foi enviada por ela para nossa família por meio das redes sociais. Corre o risco de encontrarmos ela em um supermercado.”

Alceu Preisner -pai

Uma audiência do caso foi marcada para o dia 13 de abril. Para Katarinhuk, houve um equívoco terrível da justiça que pode ser consertado agora em juízo de retratação.

“ A família espera uma resposta, a sociedade espera uma resposta. Alceu tinha seus problemas, mas nada justifica a maneira que ele morreu, Nós queremos que ela vá a júri,é impossível ser somente ela a culpada e a motivação do crime é mentirosa.” 

Luciano Katarinhuk – advogado de acusação

Denúncia

Durante a coletiva, Alceu Preisner aproveitou para falar sobre as dificuldades que as famílias encontram diante do Estado, em relação a demora de liberação de exames e também da falta de profissionais.

“Existem no Instituto Médico Legal crianças a muitos meses engavetadas , porque os familiares não conseguem liberar os corpos, e não tem respostas jurídicas adequadas.” Não tem recurso, não tem condição, existe o aparelho de Raio X, mas não existe quem opera, tivemos que levar  se deslocar até Toledo para realizar o exame. Cascavel é a terceira cidade do Brasil eu não duvido, mas imagino o quanto existem cidades piores que a nossa.”

Alceu Preisner -pai

Os familiares conseguiram um alvará judicial expedido pela 1ª Vara Criminal de Cascavel, assinado pelo Juiz Marcelo Carneval para que os restos mortais fossem sepultados, mesmo sem o resultado do DNA. No entanto, a família aguarda o exame do estado para poder fazer a cremação dos restos mortais.

(Foto: Marcelo Lira)

A justiça entendeu que tudo leva a crer que o corpo é de Alceu. Por esse motivo foi realizada a liberação para sepultamento. Conforme consta em documento, a liberação do corpo não acarretará prejuízo à investigação policial, já que o material genético foi coletado.

Prisões

Doze dias depois do corpo carbonizado ser localizado na área rural de Cascavel, no Oeste do Paraná, a Delegacia de Homicídios de Cascavel prendeu temporariamente duas pessoas suspeitas de envolvimento no crime.

O casal de 32 e 33 anos foi detido em uma residência, na região Oeste da cidade. Com a ajuda da perícia, os policiais identificaram várias marcas de sangue em diversos cômodos na casa, com o auxílio do luminol (substância química).

Segundo o Delegado Diego Valim, a mulher relatou informalmente que cometeu o crime.

“ Segundo a detida, ela teria matado a vítima porque o homem teria tentado aliciar uma de duas filhas. Ao perceber a situação a mulher teve um ataque de fúria e partiu para cima da vítima.”

Diego Valim – Delegado

A versão foi contestada pelo pai de Alceu, segundo ele, o filho jamais teria feito isso, mas que não se tem como comprovar, porque só há a versão da ré.

“ Meu filho não faria isso com uma mulher de 80 anos, muito menos com uma jovem de 14 anos. Ele foi levado para o local, foi atraído. Ele estava em casa ia dormir, mas o fato de ela ligar pedindo chocolate e chiclete levou ele até a morte.”

A mulher está solta e utiliza tornozeleira eletrônica, os outros envolvidos, foram liberados após prestarem depoimento.

Sobre o crime

O corpo estava no porta-malas do veículo, Geely EC7, totalmente queimado, localizado em meio a uma plantação de milho, às margens do quilômetro três, da PR-486, rodovia que liga Espigão Azul a Cascavel.

Os Bombeiros foram acionados nas primeiras horas da manhã do dia 27 de janeiro, para combater o incêndio e depois que as chamas foram extintas, o corpo foi localizado. 

A Polícia Militar esteve no local, isolou a área e acionou a Delegacia de Homicídios. O carro queimado está no nome de Alceu Carlos Preisner, que é o pai da vítima.

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30 mar 2022, às 12h37.
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