por Daniela Borsuk
com colaboração de Guilherme Becker, do RIC Mais

Cristiane Steffen de Lima, irmã de consideração de Leandro Bossi, ficou abalada ao receber a notícia da ossada que apresentou 99,99% de compatibilidade com o perfil genético de Paulina Bossi, mãe da criança desaparecida em 1992. Cristiane conviveu por anos com Leandro, já que ambos tinham idades semelhantes e eram tratados como irmãos. Ela é filha de Roseli Steffen, última companheira de João Bossi.

Com a história sendo revivida, Cristiane resgatou memórias de como a família sobreviveu, apesar da dor e da angústia, por todos estes anos. Leandro desapareceu em Guaratuba, no Litoral do Paraná, em 1992, e desde então o caso ficou sem respostas. João Bossi, pai da criança, não desistiu de procurar pelo filho, fez manifestações, promessas e cobrou ativamente por Justiça.

Com uma vida dedicada a encontrar Leandro, João Bossi morreu em abril de 2021 sem saber o que havia, de fato, acontecido com o filho. Cristiane afirmou que teve um passado traumático, com festas de aniversário para Leandro que nunca chegaram a contar com a presença do aniversariante e uma constante sensação de que “faltava alguém”.

Estas lembranças foram ilustradas em fotos descritas por Cristiane e compartilhadas com o RIC Mais. Veja as imagens da família:

Na foto, Roseli Steffen, um padre, João Bossi e Lucas Steffen Bossi, irmão de Leandro (Foto: Arquivo/Cristiane Steffen de Lima)

“Essa foto com a cruz meu padrasto fez uma promessa e foi a pé de Guaratuba até Aparecida do Norte pois ele devoto e tinha muita fé e esperanças em reencontrar Leandro”, contou Cristiane.

Na foto, João Bossi, Roseli Steffen, e Cristiane Steffen, Lucas Steffen Bossi e Neli Steffen Bossi, irmãos de Leandro (Foto: Arquivo/Cristiane Steffen de Lima)

“A foto com a tarrafa era nossa realidade do cotidiano, meu padrasto vivia em alto mar pescando pra trazer o alimento para nós. Era pescador profissional e numa jornada de 15 dias em alto mar que o Leandro desapareceu. Enquanto ele trabalhava pra trazer nosso sustento, houve o desaparecimento do Leandro. Ele percorreu bairros, implorou ajuda da Polícia para fazer as buscas por Leandro. Mas desde o início sempre fizeram pouco caso no desaparecimento do meu Irmão”, lamentou ela.

Na foto, Cristiane, Neli e Lucas ao lado do pai, João Bossi, cantando parabéns para o retrato de Leandro (Foto: Arquivo/Cristiane Steffen de Lima)

“A foto com um bolo na mesa, refrigerante a foto de Leandro…todos os 23 de fevereiros de todos os anos nós realizávamos o aniversário do Leandro. Meu padrasto todos os anos pedia pra mãe fazer um bolo, comprava refrigerante, vela. Fazíamos uma oração, cantávamos parabéns. Víamos ele chorar e comíamos o bolo. Crescemos com isso, gente, agora tentem se colocar no meu lugar e de meus irmãos isso é traumático! E super doloroso…”

disse Cristiane.
Na foto, Lucas, Roseli, João, Neli e Cristiane (Foto: Arquivo/Cristiane Steffen de Lima)

“Essa foto na praia num final de ano, na hora dos fogos… olhem, percebam a expressão facial dele, e os nossos sorrisos amarelos. Tá faltando alguém na foto, né?! Essa era a expressão de 30 anos… ele nunca cansou de procurar Leandro, vivo ou morto, e depois da coletiva ocorrida ontem me sinto feita de fantoche. Uma família torturada por anos”, argumentou.

“Meu sentimento hoje é revolta, decepção, sentimento de impotência e injustiça. O caso de desaparecimento do Leandro sempre veio à tona em sombra do caso de Evandro. Foram 29 anos do meu padrasto correndo atrás do Sicride, procurando respostas, nunca deixou de procurar os órgãos responsáveis, nunca, mas nunca mesmo deram importância!!”

pontuou Cristiane.

“Só deram importância após o documentário, os internautas nos deram apoio e gritaram por Justiça e uma resposta. Para o caso, vocês fizeram em menos de um ano o que meu padrasto fez a vida toda, é torturante! Saber que por anos ele questionou o Sicride e só agora, depois de morto, que foram fazer algo […]. Estamos revoltados.”

A família ainda questiona por mais respostas. Até o momento, a Polícia Civil ainda não conseguiu solucionar como Leandro desapareceu e acabou sendo encontrado morto.

A Polícia Civil informou que está requisitando todas as informações sobre o caso para a Justiça e que, quando estiver em posse do material, a equipe irá reanalisar no intuito de buscar e produzir novas provas que possam justificar a reabertura do inquérito para investigação de eventual crime de homicídio.

A Secretaria de Segurança Pública do Paraná disse que “tem como política pública de segurança a busca da verdade real, ainda que se trate de casos antigos e eventualmente arquivados”.

13 jun 2022, às 15h32. Atualizado às 15h45.
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