por Isadora Deip
com informações do TCE-PR e supervisão de Giselle Ulbrich

O site e serviços do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) foram reestabelecidos no início da tarde desta segunda-feira (11). O sistema estava fora do ar desde o dia 13 de maio, após o portal do órgão ser atingido por um ataque cibernético severo.

Em nota, o TCE alega que o incidente não causou perda ou vazamentos de dados internos ou de jurisdicionados ao Tribunal. O caso é investigado pelo Núcleo de Combate ao Cibercrime (Nuciber) da Polícia Civil do Paraná.

O órgão ainda afirma que, nestes dois meses, o TCE manteve a maior parte de seus serviços essenciais – como a emissão de certidões – via e-mail.

“Também foram mantidos os trabalhos de fiscalização e a realização de cursos presenciais e via plataforma Teams, pela Escola de Gestão Pública do Tribunal”,

diz a nota.

Na quarta-feira (13), às 14 horas, o Tribunal Pleno realiza a segunda sessão para discutir medidas urgentes internas e também aquelas solicitadas pelos jurisdicionados. Entre esses expedientes estão medidas cautelares, alguns tipos de recursos e atos normativos “imprescindíveis para atuação do Tribunal”, conforme a nota do TCE.

Os prazos processuais, o peticionamento geral e as sessões ordinárias de julgamento realizadas pelos órgãos deliberativos do TCE estão suspensas até esta sexta-feira (15).

Prejuízo à sociedade

Segundo o diretor de Relações Institucionais do Observatório Social do Brasil, Ney Ribas, é importante que o TCE-PR esclareça à sociedade o porquê da demora em reestabelecer os sistemas do órgão. “Eu não acredito que os técnicos não tenham sido capazes de resolver o problema em dois meses, eu descarto essa possibilidade”, afirma.

De acordo com Ney, ainda não há como calcular os prejuízos da inatividade dos sistemas do TCE por tanto tempo. 

“Os cidadãos ficaram sem nenhuma fonte de consulta mais confiável, os próprios municípios deixaram de registrar suas aquisições, suas contratações, sem contar todos os outros controles oficiais que são necessários”,

destaca.

Outra consequência para a sociedade, segundo Ney, é que todo o prejuízo causado pela queda no sistema é pago com recursos dos impostos pagos pelos cidadãos. “Imagine uma grande empresa, uma multinacional parada há 60 dias porque houve uma tentativa de invasão dos dados desta empresa… Nos dias de hoje não se admite mais isso,  e eu tenho certeza que nós temos técnicos que têm competência pra resolver isso”, comenta o diretor.

Conforme Ney, esse ataque cibernético em ano eleitoral causa estranheza.

“Eu acho estranho em ano eleitoral, em menos de seis meses antes das eleições, o cidadão ficar privado de acessar dados do Estado, dos municípios, da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). […] Em ano de eleição os cuidados devem ser redobrados, aí se você tira o principal canal do órgão responsável por isso… Há que se refletir muito sobre os desdobramentos dessa situação”,

salienta.

Por quê tanto tempo?

O RIC Mais solicitou um posicionamento do TCE sobre o motivo da demora em se colocar o portal de volta no ar. Conforme a instituição, houve alto grau de contaminação e o retorno só se deu após um trabalho externo de auditoria. Na semana passada, todo o sistema tinha sido reestabelecido para uso interno e, nesta segunda-feira (11), voltou ao ar para todos os públicos.

11 jul 2022, às 18h09. Atualizado às 18h18.
Mostrar próximo post
Carregando