Cerca de 20 calouros da UFPR (Universidade Federal do Paraná), com sede em Palotina, no Oeste do Paraná, sofreram queimaduras químicas durante um trote realizado na tarde de quarta-feira (30). Todos foram levados ao hospital municipal da cidade.
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Segundo consta no Boletim de Ocorrência da Polícia Militar, os alunos do curso de Medicina Veterinária, foram queimados com creolina, um desinfetante e germicida, com comprovada ação bactericida e fungicida, de uso veterinário.
As informações são que os estudantes estavam realizando um “pedágio” para pedir dinheiro, em um semáforo, no Centro da cidade, quando foram “banhados” com creolina. O contato do desinfetante com a pele, causou várias queimaduras pelo corpo.
Aos militares, os calouros informaram que não tinham o nome das pessoas envolvidas, mas que visualmente conseguiriam realizar a identificação.
Segundo delegado, Pedro Lucena, os envolvidos mandaram as vítimas ficarem de joelhos no chão, fecharem os olhos e então jogaram o produto nos alunos. Para o Lucena, é possível que alguma outra substância, foi mistura com a creolina.
“Alguns alunos saíram fora, mas alguns ficaram. Aqueles que não toparam, foram motivos de gozação entre os veteranos, foi uma situação imposta. A embalagem que foi apreendida é de creolina, mas eu não tenho dúvida que foi adicionado algum produto para lesionar as vítimas. Um exame no IML ( Instituto Médico Legal) vai identificar isso, já que tivemos pelo menos um dos alunos que sofreu queimaduras de 3° grau.”
Pedro Lucena- delegado de Polícia Civil
Um inquérito policial foi aberto para identificar todas as vítimas e os autores do fato. Segundo o delegado, os envolvidos serão indiciados por tortura e lesão corporal de natureza grave.
“Nos vamos indiciar por tortura e ação cruel. Muitos sabiam que aquele produto podia causar lesões corporais e com certeza os indivíduos estavam sob efeito efeito de substancia entorpecente, porque ninguem em sã consciência iria lançar isso em pessoas.”
Pedro Lucena -delegado de Polícia Civil
A equipe de jornalismo do Grupo RIC entrou em contato com a universidade, que por meio de nota se pronunciou sobre o ocorrido. Segundo o reitor, Marcelo Fonseca, a universidade está indignada com a situação e não tolera nenhum tipo de violência, além disso ele afirmou que medidas rigorosas serão aplicadas, veja a nota na íntegra.
A Universidade Federal do Paraná adota a posição institucional do trote sem violência, na conscientização dos alunos de que a recepção aos calouros deve ser um momento de alegria e integração com os veteranos. A UFPR não tolera nenhum tipo de violência e o episódio infeliz envolvendo calouros em Palotina é um caso isolado. A direção do Setor Palotina já abriu o processo de apuração de responsabilidade sobre esta ação de trote violento que resultou em queimaduras nos calouros.
O Reitor Ricardo Marcelo Fonseca enfatiza: ‘em primeiro lugar me solidarizo com os calouros e suas famílias, que deveriam estar em um momento de comemoração, alegria e não de dor. Porém, ressalto que a UFPR está indignada e que tomaremos rigorosas e imediatas medidas de apuração de responsabilidades, na medida que temos tolerância zero com relação ao trote violento e todas as demais formas de violência física, verbal ou mesmo simbólica’.
O estudante ou membro da comunidade que presenciar qualquer ato violento, discriminatório ou constrangedor com relação à recepção dos calouros pode realizar denúncia pelo telefone 41-984021131 ou por meio dos endereços de e-mail alertatrote@ufpr.br e acolhe.sipad@ufpr.br
Nota da Universidade Federal do Paraná