Entre as mais de 150 espécies de tubarões e raias encontradas no Brasil, está o cação: o queridinho do brasileiro. Por já ter garantido um espaço especial no cardápio de muitas famílias, a pesca desta espécie torna-se uma grande ameaça tanto a sobrevivência do cação, quanto à saúde dos humanos. Isso porque, de acordo com especialistas, as pessoas comem tais animais sem nem saber o que de fato são, gerando assim diversos problemas.

Um exemplo na prática é a questão de que, ao fazer as compras, o consumidor escolhe entre carne bovina, aves ou porco. Muitos conhecem os cortes específicos que vêm desses animais. Entretanto, no caso dos pescados, normalmente aceitam o que é vendido nas embalagens, sem muitas vezes nem se questionar sua procedência. Como afirmam especialistas, isso é extremamente prejudicial à saúde.

“Há uma série de espécies que são pescadas e vendidas sem identificação, então tudo acaba capturado, naquela máxima: ‘caiu na rede é peixe’. Diariamente, tubarões, inclusive ameaçados de extinção, são capturados nas redes de pesca. Tira-se a cabeça, as vísceras e eles são filetados ou cortados em postas e vendidos como cação. Mas não há dúvida, cação é tubarão”,

reforça o pesquisador Hugo Bornatowski.

Segundo Hugo Bornatowsk, pesquisador do Programa de Recuperação da Bioiversidade Marinha, REBIMAR, da Associação MarBrasil, as pessoas tendem a ser induzidas, pela falta de informação, a consumir carne de uma espécie ameaçada e importantíssima para a natureza, sem saber se ela realmente oferece algum tipo de nutriente insubstituível.

“A pesca não cessa, seja artesanal ou industrial. Coletamos e identificamos mais de 200 amostras de posta de cação à venda no Paraná. Fizemos a análise genética e confirmamos que uma série de espécies ameaçadas como tubarão-martelo, cação-anjo e raias-viola são vendidas sem controle algum”,

explica Hugo.

A cultura do cação

De acordo com Hugo, “cação” é uma palavra portuguesa derivada do espanhol, que há muito tempo era atribuída a uma espécie de tubarão específica, mas há dezenas de anos acabou aplicada para todas as espécies de tubarão. Independente do tamanho, Hugo explica que a espécie é comercializada de toda e qualquer forma, ou seja, além do impacto ambiental, esse comércio ilegal pode afetar gravemente a saúde humana.

Segundo a Juliano Dobis, diretor da Associação MarBrasil e coordenador de políticas públicas do programa, os tubarões são animais conhecidos como topo de cadeia, isto é, comem todos os outros animais e acabam sendo o ponto final do acúmulo de contaminantes, trazendo com isso sérios riscos à saúde dos consumidores da carne de cação.

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29 nov 2021, às 18h57.
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