Vida Familiar

por Clarice Ebert
Psicóloga (CRP08/14038) e Terapeuta Familiar

Perder as chaves

Perder as chaves, ou esquecer em algum lugar, pode acontecer com qualquer pessoa. No entanto, caso se estabelecer como um hábito, pode denotar uma falta de responsabilidade de alguém que se habituou a transferir esse cuidado para outra pessoa.

Onde estão minhas chaves?

Lançar essa pergunta pelo ambiente da casa, bem na hora em que se prepara para sair, pode causar um estresse capaz de azedar o dia e as relações conjugais e familiares. Quando acontece apenas pontualmente, fica fácil desculpar, mas quando é uma ação recorrente, as irritações podem escalonar em agressividades. Passa a ser intolerável, para quem convive com tanta displicência, e gera frustração para quem esquece. Esses desconfortos podem fazer emergir reatividades ofensivas.

Chaves são itens básicos do dia-a-dia

Quando falamos de “perder ou esquecer as chaves” estamos falando sobre um item básico do dia-a-dia. Não seria o mesmo que perder a meia preferida no cesto de roupa suja ou numa gaveta. As chaves compõem condições para se entrar e sair de casa, ou para ligar o carro ao ir a um compromisso, compras ou passeio, ou ainda para adentrar no local de trabalho. Por exercer a função de abrir e fechar as portas, sendo as chaves mais comuns as da casa, do trabalho ou do carro, elas são objetos indispensáveis para a vida cotidiana.

O hábito de largar em qualquer lugar

O hábito de simplesmente largar as chaves em qualquer canto, pode estar amparado na pressuposição de que alguém virá em socorro para procurar. Assim sendo, o perdedor não assume o cuidado de estabelecer um lugar definido, minimizando o risco da perda. Basta ecoar pela casa “onde estão minhas chaves?” que o apoio se apresenta, mesmo que esse venha rosnando em reclamações. Essa dinâmica desconfortável poderia ser mudada com a resposta a uma simples pergunta.

Quem deveria saber onde estão minhas chaves?

A resposta à essa pergunta surge quase automaticamente: quem deveria saber onde estão, sou eu mesmo. Significa, basicamente, assumir a responsabilidade em resolver essa questão, estabelecendo um lugar apropriado para guardá-las. Quem sabe, esse hábito, de transferir a responsabilidade de saber “onde estão minhas chaves”, não esteja se estendendo também para outros cuidados essenciais da vida e das relações. Assumir essa responsabilidade pode aumentar as possibilidades de construir um ambiente familiar mais pacífico e harmonioso.

30 jun 2020, às 10h35. Atualizado às 11h46.
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