por Redação RIC.com.br
com informações da Alep

O sistema de saúde do Paraná deverá colapsar já a partir da semana que vem, talvez na próxima terça-feira (16), chegando a quase 103% de ocupação dos hospitais. A afirmação foi do diretor do centro de estatística do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Daniel Nojima, durante participação na reunião da Frente Parlamentar do Coronavírus, da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), nesta quinta-feira (11).

Para os participantes da reunião, o momento é de alerta máximo. O diretor de gestão da Secretária de Estado da Saúde (SESA), Vinícius Filipak, alertou que o sistema de saúde está no máximo de sua capacidade. “O cenário não poderia estar pior. A situação está tensa e delicada. No auge do inverno tivemos uma ocupação de 75% dos leitos. Nas últimas três semanas, tivemos uma elevação absurda. Digo que estamos diante de uma nova Covid. Tem de ser entendido como uma nova doença. A rapidez e a infecção são muito grandes”, disse.

Filipak lembrou que a gravidade da doença também é diferente. “Temos menos casos, mas eles são muito mais graves. A mortalidade é elevadíssima. Cerca de ¼ das pessoas internadas morrem. Apesar de todos os esforços, estamos chegando a uma mortalidade de 30% esta semana para quem é internado”, afirmou. Ele informou que, hoje, 1185 pessoas esperam a internação, sendo 567 na UTI e 618 em leitos clínicos. “Nenhum estado conseguirá aumentar o número de leitos infinitamente”.

O diretor do centro de estatística do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Daniel Nojima, trabalha no estudo de projeções relacionadas à Covid. Ele informou que a projeção do órgão é que a taxa de ocupação de UTIs fique em 96,7% nos próximos dias. Caso as piores projeções se concretizem, o número pode chegar a 102,7%, quando o sistema entra em colapso total. Isto pode ocorrer na próxima semana, no dia 16 de março.

Nojima pontuou que, neste ano, temos outro patamar da pandemia. Enquanto em outubro do ano passado registava-se 1,1 caso de Covid a cada 10 mil pessoas, no início deste mês o número saltou para 4,1 pessoas. A previsão é de que o número chegue a cinco ainda este mês. “Além da agressividade do vírus, temos o estresse do sistema de saúde”.

Roberto Raitzz, da comissão de enfrentamento ao coronavírus da Universidade Federal do Paraná (UFPR), é responsável por estudar dentro da academia as mudanças nos padrões da pandemia. Ele disse que ainda faltam informações de qualidade para observar a doença. “É preciso outros indicadores, além do número de casos e óbitos para a compreensão da crise e tomada de decisões. Mas podemos afirmar que medidas de restrições funcionam e são necessárias. Observamos isso em outros países. Também vemos que os profissionais de saúde estão no limite da capacidade humana de atendimento. Logo faltará gente para atender. Isso pode aumentar ainda mais o número de óbitos”, alertou.

O presidente da Associação Paranaense de Medicina Intensiva, Rafael Deucher, reforçou que o Brasil está diante de uma nova doença. Segundo ele, a única saída é o respeito às medidas sanitárias e a espera a uma vacinação em massa. “Percebemos que o comportamento da doença mudou. A nova cepa é mais agressiva, comportando-se de maneira mais grave. Hoje, observamos que a faixa etária dos internados é de jovem. Infelizmente o cenário não é favorável”, comentou.

Rangel da Silva, presidente da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado do Paraná (Fehospar), ofereceu um panorama da situação dos hospitais. Ele fez um apelo, dizendo que além do colapso no número de leitos, os hospitais podem sofrem um colapso financeiro. “O sistema de saúde do Paraná já está em colapso e todos sabemos disso. Está próximo de não conseguir mais ser ampliado. Faltam equipamentos, não temos mais suporte para oxigênio. O custo também é elevado. Os materiais aumentaram muito de preço. A emergência e a assistência precisam de ajuda. Os hospitais estão perto do colapso financeiro. Se não nos organizarmos, vamos perder para o vírus. Precisamos estar pelo menos uns cinco dias à frente do vírus, mas estamos um mês atrás”, afirmou.

O diretor-técnico do Samu-Oeste, Rodrigo Nicácio, que faz o atendimento de pacientes com Covid, definiu a situação como dramática. “Estamos muito cansados. As equipes estão dobrando turno de trabalho, cuidando de até 20 pacientes. A demanda é crescente e o atendimento cada vez mais complexo. Caminhamos para três mil mortes por dia. A luta agora é para não se contaminar. Quem se contaminar e tiver uma evolução ruim, não vai ter leito”, alertou.

11 mar 2021, às 21h11.
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