BRASÍLIA (Reuters) – Em baixa entre o eleitorado feminino, o presidente Jair Bolsonaro usou o dia internacional da mulher, comemorado nesta terça-feira (8), para fazer acenos, inclusive com a criação de projetos que ele mesmo havia vetado, como o que cria a distribuição de absorventes para mulheres pobres.

Em um Palácio do Planalto forrado em cor de rosa, a cerimônia deu espaço para as mulheres do governo falarem –com destaque para a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, vista no grupo de campanha como um trunfo para suavizar a imagem do presidente junto às mulheres. Bolsonaro fez um rápido discurso, e conseguiu desagradar justamente as mulheres.

“Hoje em dia as mulheres estão praticamente integradas à sociedade”, afirmou, complementando depois: “Nós as auxiliamos, nós estamos sempre ao lado delas, não podemos mais viver sem elas.”

A última pesquisa Datafolha, publicada em dezembro, mostra que 61% das mulheres entrevistadas disseram que não votam em Bolsonaro em nenhuma hipótese, enquanto 55% consideram seu governo ruim ou péssimo.

Nesse grupo do eleitorado, que é a maioria, 52,4%, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, Bolsonaro também tem menor intenção de votos: apenas 18% delas declararam intenção de votar no presidente, contra 24% dos entrevistados homens.

À época, Bolsonaro chegou a ironizar os resultados.

“Segundo pesquisa, as mulheres não votam em mim, a maioria vota na esquerda”, disse, e “recomendou” que as mulheres brasileiras fossem visitar Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, e conversar com venezuelanas que estariam imigrando para o Brasil.

Com a eleição se aproximando, Bolsonaro foi convencido a olhar com atenção para um eleitorado que não tem a menor simpatia por sua reeleição. No evento desta manhã, foram assinados 23 decretos e projetos de lei com ações voltadas às mulheres, e o governo tentou fazer um apanhado de medidas que supostamente beneficiam as mulheres, como linhas de microcrédito.

Entre os decretos assinados, a criação de um programa de distribuição de absorventes a mulheres e meninas de baixa renda cujo texto é praticamente uma cópia do projeto contra a chamada pobreza menstrual, das deputadas Marília Arraes (PT-PE) e Tabata Amaral (PDT-SP), vetado por Bolsonaro em outubro do ano passado.

À época, o governo alegou que o projeto não tinha previsão de recursos. Agora, de acordo com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o governo encontrou 130 milhões de reais no orçamento da sua pasta disponíveis para financiar a proposta e atender cerca de 3,6 milhões de mulheres de baixa renda a partir de nove anos de idade.

O governo, na verdade, se adiantou à derrubada do veto, que estava programada para a próxima quinta-feira (10). Já havia um acordo entre os parlamentares para a derrubada do veto.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu)

8 mar 2022, às 13h06. Atualizado às 13h53.

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