Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) – O PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, teve um forte crescimento no número de deputados federais na janela partidária encerrada na semana passada, o que, junto com a expansão de outros partidos aliados, aumenta a estrutura potencial para a campanha à reeleição, mas isso deve mudar pouco na prática o foco das votações no Congresso nos próximos meses.

Dados compilados pela Câmara dos Deputados até às 17h30 desta segunda-feira (4) apontam que a bancada do PL subiu de 33 na eleição de 2018 – quando ainda se chamava PR – para 73 com a janela.

O PP, do ministro da Casa Civil e presidente licenciado da legenda, Ciro Nogueira, foi de 38 nas eleições passadas para 49 deputados federais. O partido também tem como expoente o presidente da Câmara, Arthur Lira (AL).

O Republicanos, outra bancada alinhada ao governo, cresceu de 30 deputados federais no pleito de 2018 para 45 após o troca-troca partidário.

Ou seja, essa trinca de partidos subiu de 101 deputados para 167 – praticamente um terço da Câmara, que tem 513 deputados. Esses números ainda não são definitivos porque a efetivação das trocas ainda está sendo formalizada pelas agremiações partidárias.

“A movimentação deixou o partido do presidente e a base aliada muito fortalecida”,

comemorou uma fonte aliada ao governo.

De maneira geral, essas mudanças decorrem de parlamentares que estavam em outras legendas e já votavam com o governo. Há ainda aqueles que buscaram se alinhar – às vésperas das eleições – a partidos aliados ao Executivo Federal, mesmo que regionalmente não apoiem Bolsonaro.

De qualquer modo, o crescimento do PL e aliados aumenta a estrutura potencial para a campanha de reeleição do presidente, já que os deputados federais ajudam a dar capilaridade para o candidato presidencial, ao mesmo tempo que procuram se beneficiar de estar alinhados com candidatos competitivos.

Bolsonaro tem aparecido em segundo lugar nas pesquisas eleitorais e o benefício maior ou menor do presidente dessa base formal maior vai depender também do seu desempenho nas sondagens nos próximos meses.

Já em relação às votações na Câmara, uma base formalmente maior não deve modificar a dinâmica, uma vez que o governo já vinha obtendo maioria nos projetos de seu interesse. Por outro lado, em um ano eleitoral, os deputados não devem se arriscar por temas muito polêmicos que possam irritar o eleitorado.

Outros lados

Os partidos de esquerda ou do chamado campo progressista, que devem se alinhar na campanha ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas, encolheram no mesmo período. Exceto o PT, que passou de 54 para 56 deputados federais, os demais partidos diminuíram suas bancadas: PSB caiu de 32 para 25; PV de quatro para três; PSOL de 10 para nove; e o PCdoB de nove para sete.

Ao todo, esses partidos elegeram 111 deputados e, após a janela, ficaram com 100 representantes na Câmara.

Outras legendas também registraram mudanças em seus quadros. O União Brasil, que nasceu da fusão do PSL -legenda pela qual Bolsonaro se elegeu em 2018 – com o DEM ficou com 47 deputados federais após a janela. Nas eleições passadas, o PSL sozinho elegeu 52 deputados federais, embalados pela onda bolsonarista, e o DEM outros 29.

O União Brasil foi o partido ao qual o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro filiou-se na reta final da janela partidária após deixar o Podemos. Moro tem dado sinais de que ainda pretende concorrer ao Palácio do Planalto em outubro, mas a nova legenda – que tem mais estrutura partidária e recursos que o Podemos – não lhe deu garantias para a candidatura.

O PDT, partido de Ciro Gomes, outro pré-candidato ao Planalto, reduziu sua bancada de 28 deputados nas eleições passadas para 20 com o fim do prazo da janela partidária.

O PSDB, do pré-candidato João Doria, praticamente se manteve do mesmo tamanho, de 29 deputados federais nas eleições para 28 após o troca-troca.

4 abr 2022, às 19h33. Atualizado às 21h31.
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