BRASÍLIA (Reuters) – O Brasil não tem condições de realizar no momento uma operação de resgate de brasileiros na Ucrânia devido ao fechamento do espaço aéreo, mas um plano de retirada do território ucraniano será colocado em prática assim que houver condições, disse nesta quinta-feira o embaixador Leonardo Gorgulho, secretário de Comunicação e Cultura do Itamaraty.

Não há definições, ainda, sobre como ou quando esse processo de retirada de brasileiros por meio terrestre ocorrerá. Segundo o secretário, também haverá a possibilidade de incluir argentinos, chilenos, uruguaios e paraguaios na operação, a pedido desses países.

“A embaixada do Brasil ou a de qualquer outro país não tem condições de fazer operações de resgate”, disse o embaixador, recomendando que brasileiros que estão em Odessa sigam para a Moldávia, enquanto aqueles que se encontram em Lviv procurem se deslocar para a Polônia.

Mais tarde, ao participar da tradicional live semanal do presidente Jair Bolsonaro, o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, afirmou que todas as possibilidades de retirada estão sendo estudadas, seja por meio de comboios terrestres nas rodovias, seja por trens. Ele manifestou esperança de apresentar uma solução em breve.

“Só vamos tirar os brasileiros quando tivermos condições adequadas de segurança. Não estamos deixando de lado nenhuma possibilidade”, afirmou.

“Esperamos em breve poder dar uma boa notícia”, disse o chanceler, pedindo que os brasileiros mantenham-se em segurança e em contato constante com a embaixada.

A recomendação geral é que os brasileiros na região leste da Ucrânia, mais próxima à fronteira com a Rússia, movam-se para o oeste, seja por transportes locais ou meios próprios. Aqueles sem condições de deslocamento por meio próprio devem chegar a Kiev e entrar em contato imediatamente com a embaixada.

Para os que já se encontram em Kiev, a recomendação é que respeitem o toque de recolher e busquem abrigo em locais distantes de instalações militares, infraestruturas de energia ou de comunicações.

“Não há momento definido sobre quando essa evacuação poderá ocorrer por via terrestre”, disse Gorgulho em uma entrevista no Palácio do Planalto, em Brasília.

“São pré-requisitos fundamentais uma avaliação sobre a segurança no trajeto, a disponibilidade de meios e a possibilidade de que os brasileiros beneficiários desloquem-se ao ponto de encontro”, explicou. “Assim que estejam dadas as condições, respeitados os três eixos que mencionei, será feita a evacuação.”

Segundo o secretário, estima-se que 500 brasileiros encontrem-se na Ucrânia. Desses, 160 já se cadastraram junto à embaixada, de forma a receberem informações atualizadas sobre as recomendações e planos de retirada. Gorgulho lembrou da necessidade que os cidadãos no país façam esse cadastro.

Mais cedo, jogadores de futebol brasileiros que atuam na Ucrânia e suas famílias pediram ajuda pelas redes sociais para conseguirem sair do país. Em um vídeo, o grupo de cerca de 20 pessoas, entre jogadores, suas esposas e filhos, pede ajuda para ter informações e conseguir deixar a Ucrânia.

(Reportagem de Maria Carolina Marcello)

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24 fev 2022, às 21h04. Atualizado às 21h05.
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