BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro admitiu, nesta segunda-feira (11), que não há maioria no Congresso para aprovar o projeto que libera a exploração de terras indígenas, e criticou mais uma vez o Supremo Tribunal Federal (STF) por supostamente interferir em assuntos do Executivo com a votação de temas da área ambiental.

“Não posso culpar o Parlamento, porque lá dentro tem tudo que é corrente… Não tem ainda uma maioria para aprovar o projeto de exploração nas terras indígenas”,

disse Bolsonaro em entrevista a uma rádio do Pará.

A proposta de exploração de terras indígenas é defendida desde o início do governo por Bolsonaro e prevê o desenvolvimento de atividades de mineração, agricultura e pecuária e construção de obras de infraestrutura, como hidrelétricas, em terras indígenas.

Recentemente, a proposta ganhou novo fôlego quando o presidente passou a defender que era necessária para permitir a exploração de potássio, elemento essencial para fabricação de fertilizantes, em meio a uma escassez mundial dos produtos devido à guerra na Ucrânia.

Pesquisadores brasileiros, no entanto, já demonstraram que a maior parte da exploração de potássio no Brasil se daria fora das terras indígenas.

Bolsonaro voltou a criticar o STF, dessa vez pelas ações que estão sendo julgadas pela Corte na área ambiental, a chamada Pauta Verde. Entre elas, a relatora das ações, ministra Carmem Lúcia, cobrou do governo a elaboração de um plano contra o desmatamento no país, que vem aumentando desde 2015, mas acelerou neste governo.

“Um grande problema que temos são os ministros do STF, que estavam julgando semana passada processos sobre Amazônia”, disse Bolsonaro, ao ser perguntado sobre entraves para ações na região. “Eles querem nos amarrar e impedir de investirmos na Amazônia.”

Bolsonaro elogiou o ministro André Mendonça, indicado por ele ao STF, que pediu vistas e suspendeu o julgamento por tempo indeterminado.

Por Lisandra Paraguassu

 

 

11 abr 2022, às 11h58. Atualizado às 13h39.
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