Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) -O presidente Jair Bolsonaro decidiu se filiar ao PL, partido do ex-deputado Valdemar Costa Neto, e a formalização deve ocorrer no dia 22 deste mês, após o chefe do Executivo ter sido alvo de assédio também do PP, outro importante partido do chamado centrão.

Segundo o senador Wellington Fagundes (PL-MT), que se reuniu nesta segunda-feira com Bolsonaro e a ministra-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Flávia Arruda, a “provável” filiação será alinhada em uma reunião no dia 17.

“O ato de filiação deve acontecer no dia 22”, disse o senador. “Há um empenho de todos os companheiros do partido para receber o presidente”, acrescentou, estendendo o convite a “toda equipe do presidente e atuais apoiadores”.

A Reuters havia antecipado em 26 de outubro que Bolsonaro deveria optar pelo PL, em uma mudança de rumo depois de praticamente ter fechado com o PP.

Uma importante liderança do PL disse à Reuters mais cedo nesta segunda-feira, sob a condição de anonimato, que Costa Neto havia lhe assegurado que o martelo estava batido.

Em um vídeo divulgado no dia 25 de outubro, Costa Neto convidou Bolsonaro e os filhos a se filiar ao PL. Segundo a fonte, o dirigente partidário –com forte atuação de bastidor e avesso a holofotes– só fez esse movimento após ter recebido sinais de que o presidente iria para o partido.

Contudo, a cúpula do PP –que tem o ministro da Casa Civil e presidente licenciado do partido, Ciro Nogueira, como expoente — reagiu e tentou garantir o ingresso de Bolsonaro na legenda. A tentativa não obteve sucesso.

Uma possibilidade aventada, segundo fontes ouvidas pela Reuters, é que, com Bolsonaro filiado ao PL, o vice na provável chapa presidencial para a eleição de 2022 seja indicado pelo PP.

O chefe do Executivo precisa estar filiado a uma legenda para concorrer à reeleição em 2022. Ele se desfiliou do PSL em 2019, pouco depois de assumir o governo.

Bolsonaro praticamente selou seu futuro no PL em entrevista à CNN Brasil nesta segunda. “Está 99% fechado. A chance de dar errado é quase zero. Está tudo certo”, afirmou o presidente, segundo a emissora.

AUMENTO DA BANCADA

Uma das fontes revelou que o intuito de Costa Neto em levar Bolsonaro para o PL é ajudar na estratégia de aumentar as bancadas da Câmara e do Senado nas eleições do próximo ano. Atualmente o PL tem 43 deputados federais e 4 senadores.

Fontes, entretanto, observam que em alguns lugares será preciso resolver impasses entre as atuais lideranças do partido e interesses ligados a Bolsonaro. Um dos exemplos citados é o PL de São Paulo, que dá apoio ao governador João Doria, que pretende se lançar candidato a presidente pelo PSDB.

Costa Neto foi deputado federal por dois mandatos e foi condenado no processo do mensalão. Ele chegou a ser preso, mas posteriormente foi beneficiado por um indulto do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em 2002, o PL indicou o empresário José de Alencar para ocupar a vaga de candidato a vice-presidente de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na chapa que se sagrou vencedora da eleição. Vinte anos depois, agora o PL deverá estar no lado oposto, como adversário de Lula na disputa presidencial

(Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro; e Lisandra Paraguassu e Maria Carolina Marcello, em BrasíliaEdição de Pedro Fonseca)

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8 nov 2021, às 19h25.
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