por Carol Machado
da equipe de estágio RIC Mais, sob supervisão de Larissa Ilaídes

Na última semana o presidente Jair Bolsonaro assinou o decreto que incluía as academias na lista dos serviços essenciais, e assim, liberando o funcionamento dessa atividade.

Porém, essa decisão cabe às esferas estaduais e municipais, e em algumas cidades brasileiras os negócios fitness já estavam fazendo um retorno gradativo.

Retorno gradativo das academias garante recuperação de clientes

Um levantamento feito pela startup de gestão de negócios fitness Tecnofit com mais de 3 mil estabelecimentos em todo o território nacional,  observou que nos negócios de cinco Estados (Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina) que iniciaram a reabertura, a média de recuperação de clientes nas duas primeiras semanas de atividade foi de 45%.

O levantamento da reabertura foi coletado entre 27 de abril e 10 de maio, e a análise dos números teve a parceria dos especialistas e consultores em gestão de academias Luis Amoroso e Herbert Oliveira.

Para chegar nesses dados foram monitorados os negócios fitness subdivididos em: academias (low cost, intermediário, premium e piscina), centros de treinamento (box de crossfit, artes marciais, espaços de treinamento funcional e crosstraining) e estúdios (pilates, yoga, pole dance e dança).

Outro dado importante é também o de queda de clientes desses negócios: durante o período de quarentena – desde 20 de março até a reabertura – eles informaram que a queda média de clientes foi de 56,7%.

“Consideramos que esse percentual indica um dado bastante positivo para o setor. Claro que haverá perdas, mas é importante estar preparado, porque as pessoas estão dispostas a retornar para suas atividades”, afirma o CEO da Tecnofit, Antonio Maganhotte Junior.

Ele ainda conta que a startup vem monitorando as oscilações deste setor para inclusive poder auxiliar seus clientes (as academias) a passarem por esse período de pandemia com o menor impacto possível.

Proximidade e forma de cobrança impactaram na queda de alunos

Um dado importante que o levantamento demonstrou foi que, se por um lado a queda de alunos é inevitável, algumas medidas a médio e longo prazo fizeram diferença neste aspecto. A queda de alunos ativos divididos nas categorias analisadas foi a seguinte: -59,8% nas academias, – 48,9% nos centros de treinamento e -62% nos estúdios.

Maganhotte analisa que a menor perda identificada nos centros de treinamento indica que o vínculo mais próximo e o sentimento de pertencimento ao grupo fizeram a diferença.

“Sabemos que os alunos de crossfit, por exemplo, são muito engajados e os espaços nos quais eles treinam motivam isso. Essa proximidade com certeza faz com que esse aluno pense duas vezes antes de romper o contrato”, comenta o especialista.

Já no caso dos estúdios, que apresentaram a maior queda de alunos, foram observados dois aspectos: ticket médio mais alto e também a forma de pagamento muito recorrente em dinheiro.

“Apesar da relação nos estúdios também ser bastante próxima, acreditamos que a forma de pagamento foi o principal entrave”, fala Maganhotte.

Essa análise inclusive pode ser comprovada quando em outro traço da pesquisa se vê que a maior perda de alunos foi quando os métodos de pagamento são no débito (-74,4%) e em dinheiro (-69,4%). As menores perdas ficam para cartão de crédito (-44,6%) e recorrência online (-48,4%).

O CEO da Tecnofit ainda cita que a comunicação e a interação durante a quarentena foram fatores importantes na retenção de clientes.

“Em nosso estudo notamos que os estabelecimentos que proporcionaram neste período de quarentena treinos online exclusivos tiveram perda muito menor – 21,6%, do que os que não fizeram isso -30,9%”, aponta.

Paraná fica acima da média na perda e recuperação de alunos

Os cinco Estados analisados foram escolhidos porque tiveram cidades em que a retomada das atividades das academias foi autorizada. No Paraná os dados demonstram que houve um percentual maior na queda de alunos durante a quarentena, mas também uma recuperação acima da média.

A queda de alunos relatada pelos estabelecimentos paranaenses que reabriram chegou a 57,8%, a terceira maior entre os Estados analisados (a maior foi em Minas Gerais – 63,3% e Rio Grande do Sul – 58%).

Com a recuperação de alunos após a reabertura o Paraná também apresentou um cenário otimista, ficando em segundo lugar. Os gaúchos tiveram o retorno às academias ou o ganho de novos alunos de 53%. O Paraná 48%. Em terceiro aparecem os mineiros com 41,9% de recuperação, Santa Catarina, com 40,1% e Mato Grosso do Sul com 35,9%.

Maganhotte também comenta que o retorno, de uma forma geral, se mostrou gradativo. Se antes da pandemia a frequência média dos alunos dos centros de treinamento era de 36,2%; após a reabertura foi de 20,2% na primeira semana e 22,9% na segunda semana. Nas academias aconteceu a mesma coisa. A frequência semanal média anterior era de 40,2%. Na primeira semana de reabertura ficou em 19% e na segunda 21,5%.

“Isso demonstra que com o passar dos dias a confiança aumenta e as pessoas sentem-se mais seguras para o retorno. Claro que isso depende totalmente das atitudes que o estabelecimento vai tomar, assim como as medidas de segurança que vai oferecer neste momento”, avalia o especialista.

Serviços essenciais devem utilizar a comunicação e o sistema online para superar a crise

Diante dos dados o CEO da Tecnofit afirma que os proprietários de estabelecimentos fitness devem repensar seus modelos de negócio e também se preparar para essa gradual retomada das atividades. Uma reflexão que Maganhotte propõe é sobre os sistemas online de pagamento e agendamento de aulas.

“Os dados mostram que os pagamentos recorrentes são os que tiveram menor perda e isso faz total sentido. Modernizar-se não é apenas uma facilidade para o presente, mas um benefício para o futuro do seu negócio. Da mesma forma os agendamentos online devem ser um requisito importante no retorno às aulas. Assim o aluno consegue saber antes de sair de casa se estará seguro e com o limite máximo de pessoas permitido naquele espaço”, explica.

Segundo Maganhotte, outro aspecto bastante relevante é a comunicação, seja ela a virtual neste momento de pandemia, como a corpo a corpo, quando os negócios reabrirem de fato. Clientes mais engajados com a sua marca têm maior chance de serem fiéis.

22 maio 2020, às 00h00.

No Ar

Próximos programas

  • 22h20 RIC Notícias Noite
Mostrar próximo post
Carregando