Carta psicografada: estudante morta pelo ex-marido fala com a família
A família da estudante de direito Mahara D’Avila Scremin, de 23 anos, morta pelo ex-marido em 2017, declarou ter recebido uma carta psicografada da vítima semanas após a morte da jovem.
De acordo com eles, a carta psicografada teria sido escrita por uma médium de São Paulo, que não tinha nenhuma relação com a jovem. Além disso, ela também não conhecia a família de Mahara.
Pela primeira vez, os parentes resolveram abrir a carta com exclusividade a equipe de redação do Grupo RIC.
O que é carta psicografada?
Primeiramente, entenda o que é este tipo de mensagem psicografa.
Trata-se de uma crença espírita, na qual alguns médiuns têm a capacidade de receber recados de espíritos do mundo dos mortos.
Cartas psicografadas de famosos, de grandes casos de homicídio como Isabella Nardoni e Eloa, online ou escrita, existem diversas e surgem novas o tempo todo.
Para compreender melhor, veja a história da estudante que foi morta pelo ex-marido em 2017, sua família recebeu uma dessas cartas!
Família da estudante de direito mostra carta psicografada
“Não quero te ver chorar. Eu tive um sonho lindo! Sonhei que estava no alto de uma montanha, olhando uma manada de elefantes caminharem. Vinha uma brisa leve que batia em meu rosto. Eu estava com medo, mas senti o toque doce das mãozinhas da Duda, que olhou em meus olhos e disse: tia, vai… está tudo bem. Deitei um gramado verdinho e adormeci com o carinho dela no meu rosto”, diz um pedaço da carta psicografada.
Impressionados, a família da vítima conta que detalhes na carta só eram conhecidos por pessoas próximas. “Senti de longe o cheirinho da Lolo. Acho que ela também estava ali. Adormeci”.
Em outra parte da carta psicografada, a jovem diz que acordou em um quarto branco, com uma janela de frente para o jardim e uma fonte em forma de elefante que ela descreveu como maravilhosa.
“Senti medo, uma angústia. Chorei. Entrou uma senhora linda em meu quarto e secou minhas lágrimas e passou uma pena em meu pescoço. Ardia um pouco e passou”.
“Agora estou entendendo o que aconteceu e te digo mami, eu não morri. Só passei para outro lugar. Eu preciso que você fique bem. Eu preciso que você durma bem à noite (…)”.
Segundo a mãe de Mahara, Cristiane D’Avila, na carta psicografada também tinha a forma exata como a filha tratava os cachorros.
“É o jeito que ela falava do cachorrinho dela. E o mais impressionante é a letra. Você pega a letra dos cadernos dela até a assinatura do próprio documento, é idêntico. E a pessoa não conhecia a gente”, diz a mãe da jovem.
Relembre a morte da jovem Mahara D’Avila Scremin
Era 31 de junho de 2017. Mahara havia saído da casa dos pais, no litoral do Paraná, para estudar direito em uma renomada universidade de Curitiba.
Em sua residência no Boqueirão, ela foi encontrada morta a facadas em seu quarto sem roupas e com ferimentos no pescoço.
Conforme a polícia, a casa da jovem estava revirada, mas não havia sinais de arrombamento. Na noite anterior, a jovem tinha recebido amigos para uma confraternização.
Após investigações da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), foi confirmado que Mahara foi morta pelo ex-marido, Enio Ivan Bertoncello, com quem teve um relacionamento de três anos.
De acordo com a PC, o casal estava separado há quatro meses. Na ocasião, a página do suspeito no Facebook recebeu uma mensagem de “luto” na foto do perfil, como se ele não tivesse relação alguma com o crime.
Semanas depois a família da jovem recebeu a mencionada carta psicografada.
Ex-marido da vítima confessou o assassinato e foi preso dias depois do crime
Enio foi preso alguns dias depois do crime, em 4 de julho. O ex-marido da vítima confessou o assassinato e deu detalhes de como agiu. Segundo ele, mesmo com o fim do relacionamento eles continuavam saindo ocasionalmente.
Um dia antes do crime, Enio relatou que mandou várias mensagens para o celular da ex-esposa e, como não teve resposta, foi até sua casa. Era noite de 30 de junho quando o criminoso afirmou que viu a ex com outro homem pela janela.
Logo depois de se deparar com a situação, Enio contou à polícia que foi até uma farmácia e comprou uma caixa de luvas cirúrgicas.
Em seguida, esperou que Mahara respondesse suas mensagens para ter certeza de que estaria sozinha. Uma resposta mudaria para sempre o destino da vítima.
Ao ser respondido pela ex-esposa, Enio voltou à casa de Mahara na madrugada do dia 31. De acordo com seu depoimento, houve uma discussão, e em meio à briga ele implorou que esquecessem o passado e reatassem o relacionamento.
Mas essa não era à vontade de Mahara.
Inconformado com o não, Enio admitiu que arremessou a jovem contra o chão. Ela desmaiou. Logo depois, sem hesitar, o assassino colocou as luvas compradas na farmácia e pegou uma faca de cozinha.
Mahara recebeu dois golpes do lado esquerdo do pescoço e teve o corpo encontrado cerca de oito horas depois.
Naquele dia, o que era um hábito para a jovem e sua mãe, dona Cristiane D’Avila, foi interrompido por um crime passional. Nenhuma mensagem foi trocada entre Mahara e a família desde então.
