Noventa e três indígenas da aldeia urbana Kakané Porã, localizada no bairro Campo do Santana, em Curitiba, começaram a ser vacinados contra a covid-19 na manhã desta quarta-feira (21)
Uma equipe de seis vacinadores e dois agentes comunitários de saúde, acompanhados por escolta da Guarda Municipal, irão aplicar as primeiras doses do imunizante Coronavac nos índios.
De acordo com a Prefeitura Municipal, além desses profissionais, uma sala de observação foi improvisada na aldeia, com equipamentos de primeiros socorros, oxigênio e uma equipe médica de prontidão. Cada vacinado era encaminhado para permanecer por 30 minutos no local.
O primeiro a ser vacinado foi o cacique Setembrino Rodrigues, de 52 anos. Ele fez questão de ressaltar a importância da vacina dentro das comunidades indígenas.
“Vacina é vida, vacina é proteção. Eu espero que essa vacina possa contribuir muito para a saúde dos meus parentes indígenas pelo Brasil”, declarou Rodrigues.
Conforme o cacique, a aldeia não registrou nenhum caso grave do novo coronavírus, mas ele disse saber da gravidade da doença e esperar que a vacinação venha para melhorar o cenário da pandemia para todos.
“Nós só tivemos dois casos aqui na aldeia, nenhum grave, mas agora vacinados, espero ainda mais proteção para nossos moradores, principalmente os que precisam sair para trabalhar”, disse.
O líder da comunidade, Antônio Claudino, espera que com a vacina, os índios possam retomar suas atividades normais, já que estão isolados há meses.
“Estamos isolados, nossa aldeia está de portão fechado, espero que isso possa mudar em breve”, explicou.
Índios tem alta vulnerabilidade
Segundo a administração da capital, a Kakané Porã é a única comunidade indígena no território de Curitiba. Lá vivem 139 indígenas de três diferentes etnias: guarani, caingangues e xetá; 93 deles deverão receber a vacina. Outros são menores de 18 anos, gestantes e lactantes, público para o qual ainda não há recomendação da vacina.
A população indígena aldeada foi elencada no Plano Nacional de Imunização para a primeira fase da campanha. A infectologista da SMS, Marion Burger, explica que a população indígena é sempre prioridade diante de doenças infecciosas, especialmente quando é uma nova doença.
“Os indígenas, principalmente os aldeados são muito vulneráveis, além de viver em áreas mais isoladas, eles possuem características biológicas que favorecem o agravamento de infecções”, esclareceu Marion.