O ministro da saúde Eduardo Pazuello chegou em Cascavel, no oeste do Paraná, no início da tarde desta quinta-feira (4), às 14h10, para ver de perto a situação do município que está com superlotação dos leitos exclusivos para a covid-19 ocupados

Na agenda do ministro e de sua comitiva estão previstas visitas a Unidade de Pronto Atendimento(UPA) Brasília, ao Centro de Vacinação Covid-19, no Centro de Convenções e Eventos, e a obra do novo Consórcio Intermunicipal de Saúde do Oeste do Paraná (Cisop).

A ida de Pazuello a cidade do interior do Paraná foi a resposta a um apelo feito, na última terça-feira (2), pelo prefeito Leonardo Paranhos para que o ministro viajasse até a cidade para entender o que ocorre nos hospitais e unidades de saúde e também a liberação de mais vacinas, respiradores e oxímetros para a população cascavelense.

Durante o primeiro compromisso do ministro, a visita a UPA Brasília, que foi transformada em um mini-hospital para receber exclusivamente pacientes suspeitos ou confirmados da covid-19. Pazuello afirmou que o Ministério da Saúde irá apoiar Cascavel com o que for necessário no enfrentamento da pandemia. Segundo ele, acompanhar de perto a situação é necessário para saber o que está acontecendo.

“É necessário para que a gente possa, em primeiro lugar,  demonstrar que estamos juntos. Em segundo lugar, entender as necessidades e demandas e sugerir ações que a gente viu exitosas em outros lugares e que possam ser usadas aqui também”, afirmou.

Assista:

Novos leitos de UTI e enfermaria

Também nesta quinta, o secretário de saúde do Paraná, Beto Preto, que acompanha a comitiva do ministro em Cascavel, anunciou a implantação de 12 Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e 10 enfermarias no Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP) e 44 leitos clínicos em cidades pequenas da região.

Na quarta-feira (5), o Governo Estadual já havia comunicado a abertura de 32 novos leitos exclusivos para covid-19 em Cascavel nós próximos dias. Serão 22 Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e 10 de enfermaria, distribuídos entre os hospitais Universitário do Oeste do Paraná (HUOP) e Municipal da seguinte forma:

  • 12 leitos de UTI e 10 de enfermaria no Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP); 
  • 10 UTIs no Hospital Municipal.

Com isso, nos próximos dias, devem ser instalados no município 34 novas UTIs e 20 leitos de enfermaria.

Vacinas

Pazuello e Beto Preto aproveitaram a ida a Cascavel para fazerem juntos a entrega formal novas doses de imunizantes. Além das 7.360 encaminhadas quarta-feira (03) pelo governo estadual, o Ministério da Saúde disponibilizou um fundo extra com 6 mil conjuntos de vacinação para o município.

“Com a estabilidade que devemos alcançar com a fabricação nacional, temos entregas semanais de vacinas, até para não ter grandes estoques nos municípios”, disse Pazzuello.

Covid-19 em Cascavel

O município paranaense vive um momento dramático com UTIs lotadas e contando com o auxílio, inclusive, de equipamentos emprestados pelo zoológico para atender os pacientes da covid-9.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), nesta quinta-feira (4), a macrorregião oeste do Paraná, da qual Cascavel faz parte, apresenta o pior índice de ocupação de todas as macrorregiões do estado com 98% dos leitos exclusivos para covid-19 ocupados.

Ainda de acordo com os dados da Sesa, atualizados na quarta-feira (3), 186 pacientes, confirmados e com suspeita de covid-19, aguardam leitos para internação na macrorregião. São necessárias 98 UTIs e 88 leitos de enfermaria. Veja:

Imagem: Reprodução/Sesa

No último sábado (27), uma enfermeira, que preferiu não se identificar, contou ao site RIC Mais que o número de atendimentos no estabelecimento de saúde em que trabalha mais do que triplicou em comparação com o pior período enfrentado em 2020

“Se for comparar com o pico da pandemia do ano passado, só nessa semana, mais do que triplicaram os atendimentos. São muitos pacientes jovens, sem comorbidades, com dificuldade respiratória com baixa saturação e precisando de oxigênio. Muitos pacientes idosos que antes a gente conseguia tratar em casa e agora estão precisando de oxigênio. Pacientes que precisam de internamento e a gente não consegue direcionar para os hospitais porque não tem vaga, não tem leito. Não tem como mandar esses pacientes para casa porque também não tem mais cilindro de oxigênio, nem transformador que um aparelho que a gente usa para o paciente ficar em casa”, relatou. 

Ela ainda completou ressaltando que o cenário esperado para as próximas semanas não é nada animador:

“Essa semana a gente atendeu mais de 400 pacientes, mais ou menos 70% desses casos estão positivando, desses uns 30% são pacientes graves. A equipe está saturada, a gente está trabalhando sem parar, atendendo um atrás do outro. A gente está tendo que transferir nossos pacientes para outras regionais, onde também estão acabando as vagas. A tendência é que piore na semana que vem porque até tem leitos que estão vagando, mas os leitos que estão vagando não é porque as pessoas estão melhorando e indo para para casa. É porque as pessoas estão morrendo com três, quatro dias de internamento. São casos que evoluem muito rápido. Está bem complicado. Bem difícil”, desabafou a profissional de saúde.

4 mar 2021, às 14h41. Atualizado às 17h41.
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