Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) – O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, afirmou nesta segunda-feira (26) que o intervalo na aplicação das duas doses da vacina da Pfizer contra a Covid-19 vai diminuir de três meses para 21 dias, conforme previsto na bula do imunizante, embora não tenha adiantado uma data de quando a medida será adotada.

“A gente está só estudando qual é a melhor timming disso, mas que vai diminuir, vai. A gente está estudando junto com Conass e Conasems para, em tripartite, verificar qual a melhor data de reduzir o prazo de 3 meses para 21 dias, encurtando o prazo pontuado pela bula da Pfizer”, disse ele, em entrevista na porta do ministério, referindo-se a colegiados estaduais e municipais da área de saúde.

Desde que começou a ser usada no país, no mês de maio, a vacina da Pfizer sempre teve prazo de 90 dias entre as duas doses, com base em eficácia apontada em um estudo realizado no Reino Unido, mas contrariando a bula do imunizante e adotando um intervalo igual ao da vacina AstraZeneca no país.

O intervalo maior foi uma alternativa para ampliar a campanha de imunização mediante a escassez de doses, e o anúncio da redução do intervalo agora ocorre em um momento de maior oferta de vacinas por parte da Pfizer e dos demais fornecedores.

Delta e Redução

A secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 da pasta, Rosana Leite, disse que o avanço da variante Delta é a “maior preocupação” do ministério, mesmo destacando que a variante P1 ainda seja a prevalente no Brasil. Por isso, a dirigente afirmou que a pasta quer ampliar a vacinação na região de fronteira e também analisa reduzir o intervalo das doses.

“Então o norteador nosso é vacinar o máximo possível em D1, provavelmente daqui ao próximo mês, com a perspectiva das vacinas que chegarão –temos previsão de fechar agora com o mês de julho de 40 milhões de vacinas e em agosto 63 milhões–, então nós teremos muitas vacinas e então assim nós pensaremos talvez em reduzir este intervalo, mas ainda está em análise”, disse.

“Está em análise por conta da tempestividade, a quantidade de vacinas que temos hoje e a variante Delta”, reforçou.

Segundo a secretaria, a medida –se adotada– só valeria para a Pfizer porque estudos mostram que o intervalo maior entre as doses da AstraZeneca ajuda na “melhor a formação de anticorpos neutralizantes”. “A única seria a Pfizer e isso consta em bula, as outras não”, comentou.

A dirigente também disse que, por ora, não há orientação de se adotar uma terceira dose de qualquer tipo de imunizante contra coronavírus. “Neste momento não é recomendado terceira dose de nenhum imunizante”, afirmou.

Em entrevista coletiva no ministério, Rosana Leite disse que excepcionalmente poderá ser possível trocar tipos de vacinas contra Covid somente nos casos de grávidas ou quem tenha tipo uma reação alérgica que tenham tomado a primeira dose e que precisam completar o esquema vacinal.

Segundo a secretária, se isso ocorrer, pode se usar a vacina da CoronaVac ou, de preferência, a da Pfizer. “Não é permitida ainda a intercambialidade em casos normais. Se isso ocorrer, é considerado um erro de vacinal”, ressalvou ela, destacando que casos assim deverão ser notificados.

26 jul 2021, às 16h09. Atualizado às 16h51.
Mostrar próximo post
Carregando