A musa Gil Jung no desfile da Nenê Vila Matilde (Foto: Nelson Coelho, Agência O Dia, Estadão Conteúdo)
Teve quem ficasse orgulhoso e quem dissesse que a cidade exaltada na avenida não existe mais
Quase na manhã deste domingo (26), Curitiba foi homenageada por um samba-enredo da escola Nenê Vila Matilde no segundo dia dos desfiles no Anhembi, na madrugada de sábado para domingo (26).
O samba é “Coré Etuba – A ópera de todos os povos, terra de todas as gentes, Curitiba de todos os sonhos”.
A letra fala em “imenso paraíso”, cita azaleias, araucárias e ipês, elogia a formação multicultural da capital paranaense e chega ao auge da exaltação nos versos “poesia colorindo as calçadas / sorriso no rosto, meu povo é mais feliz / futuro, qualidade, educação / exemplo de modelo à nação / águia guerreira, um ato de amor / Curitiba é sinfonia genial / que vai brilhar, no palco no meu carnaval”.
A letra está dividindo opiniões. Tem curitibano orgulhoso de ter visto tantas referências locais refletidas no samba e na alegoria da escola – um carro, por exemplo, representou o Jardim Botânico e a Ópera de Arame.
Por outro lado, um editor da Gazeta do Povo escreveu que “A Nenê fez uma bela homenagem a Curitiba. Pena que essa cidade não existe mais”, acrescentando: “Isso, claro, não é culpa da escola. É culpa única e exclusiva dos curitibanos”.
O desfile da Nenê Vila Matilde estava previsto para 3h55, mas só começou às 5h30 porque o presidente da escola se recusou a iniciar o desfile com o chão molhado.
O samba-enredo pode ser lido e escutado aqui.
Eclipses
Na própria Curitiba, até a noite deste domingo o Carnaval teve zumbis, eclipse solar e escolas de samba desfilando com verbas reduzidas.
Os zumbis, claro, eram parte da Zombie Walk, que é realizada na cidade desde 2009 e esta semana chegou a ser cancelada após impasse com a prefeitura, mas acabou sendo confirmada na quinta e ocorrendo na tarde de hoje (26), com milhares de foliões.
O eclipse pôde ser observado de manhã, mesmo com o tempo parcialmente nublado, e chegou a 43% de sol oculto.
Já o desfile das escolas de samba teve um eclipse monetário – as escolas dos grupo A e B da cidade viram este ano apenas 50% da verba recebida em 2016 (R$ 30 mil no caso do grupo A e R$ 18 mil no do grupo B, contra R$ 60 mil e R$ 36 mil, respectivamente, recebidos no ano passado).
Ainda assim, o prefeito Rafael Greca esteve presente na avenida e esboçou um samba diante dos carnavalescos inconformados. Entoando internamente, talvez, a “Curitiba de todos os sonhos” exaltada pela Nenê Vila Matilde lá em São Paulo.