RIO DE JANEIRO (Reuters) – A festa de Réveillon na cidade do Rio de Janeiro foi cancelada poucos dias antes da celebração, disse neste sábado (4) o prefeito Eduardo Paes, ao anunciar que não devem ocorrer queima de fogos nem shows na capital pelo segundo ano em função da pandemia.

Mais tarde, o governador do Estado, Cláudio Castro, usou sua conta no Twitter para informar que se encontrou com Paes e fará uma reunião na próxima semana com o prefeito para uma “decisão final” sobre o tema.

“Nesse encontro, participarão técnicos da saúde do Estado e do município”, disse Castro.

A medida da prefeitura se baseia em orientações da ciência devido à Covid-19 e ao surgimento da nova cepa, Ômicron, no país.

O comitê científico do município havia orientado que a prefeitura monitorasse o comportamento da Covid na cidade e da nova variante para tomar uma decisão em breve. No entanto, o comitê estadual recomendou que a festa não fosse realizada.

“Vou ficar com a opinião técnica que pede mais restrições. Tomei a decisão com muita tristeza e torço, rezo e trabalho para que façamos celebração. Com todo respeito às demais cidades, mas não sei se vai fazer tanta falta não ter Réveillon nas demais cidades quanto fará falta não ter aqui”, disse ele a jornalistas.

“Estou muito triste como prefeito e pessoalmente. A celebração do Réveillon no Rio é uma das festas mais incríveis do mundo e incomparável. Mistura gente, credos… não tem mais nada ‘anticarioca’ do que essa porcaria da Covid”, adicionou.

Ele ainda disse que, em princípio, não deve haver restrições na cidade e frisou que os turistas vacinados são bem vindos. As festas particulares seguem mantidas até que haja uma orientação do comitê científico.

O Rio vive o melhor momento da pandemia com quedas em óbitos e casos, baixa internação e transmissão, e elevado nível de vacinação.

O cancelamento da festa foi apoiado por especialistas da área da saúde.

“Em que pese o impacto sobre nossa saúde mental e economia, mesmo assim é acertado porque mesmo com 77% da população vacinada (esquema completo), isso significa que 1,5 milhão não recebeu vacina”, disse a pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Chrystina Barros.

Ela ressaltou que nunca é possível saber se as variantes do vírus serão mais agressivas e Réveillon significa “gente vindo de todo mundo”, situação em que não se pode ter o controle.

“A decisão foi muito acertada uma vez que temos que aprender com a variante Ômicron e a taxa de eficácia das vacinas sobre essa variante. A guerra ainda não acabou”, adicionou o infectologista Charbell Cury.

A rede hoteleira, que na sexta-feira anunciou em documento o apoio a festa de Réveillon, lamentou o cancelamento.

“A gente lamenta porque a hotelaria espera chegar a 100% de ocupação mas entendemos que o momento é difícil. Ano passado já não teve Réveillon e tivemos 80% de ocupação. Vamos torcer para que as reservas se mantenham”, disse o presidente da associação da indústria de hotéis do Rio, Alfredo Lopes.

Desde o início da pandemia, mais de 69 mil mortes foram registradas no Estado, sendo mais de metade na capital.

Na quinta-feira, a prefeitura de São Paulo anunciou o cancelamento das festividades de Réveillon na capital paulista também devido à nova variante Ômicron do coronavírus.

Por Rodrigo Viga Gaier

4 dez 2021, às 15h36. Atualizado às 16h05.
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