Por Pedro Fonseca

(Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar, nesta quarta-feira, a CPI da Covid no Senado que investiga suspeitas de irregularidades cometidas pelo governo no enfrentamento à pandemia, e disse que seu governo não será derrubado pela comissão, nem pelo que chamou de mentiras.

“Não conseguem nos atingir. Não vai ser com mentiras ou com CPI integrada por 7 bandidos que vão nos tirar daqui”, disse Bolsonaro em discurso ao participar da inauguração de um radar da Força Aérea em Ponta Porã (MS).

Desde o início da CPI da Covid, em abril, Bolsonaro tem repetidamente atacado os senadores que compõem o colegiado, em especial o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), que integra o chamado G7 –grupo majoritário da comissão que inclui ainda nomes como o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), o vice, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e os senadores de oposição Humberto Costa (PT-PE), Otto Alencar (PSD-BA) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE).

Em fala durante sessão da CPI, Aziz citou a fala de Bolsonaro sobre “bandidos” e disse que mandaria um recado ao presidente: “Pare de olhar no espelho e falar com ele. Quando a gente fala com o espelho dá nisso”.

Bolsonaro está no centro das investigações da CPI depois que o deputado Luís Miranda (DEM-DF) e o irmão dele, o servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda, disseram ter relatado suspeitas de irregularidades no contrato de compra da vacina indiana contra Covid-19 Covaxin ao presidente.

Com base nas afirmações dos irmãos Miranda, senadores pediram ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma investigação de Bolsonaro, afirmando haver “grandes chances” de o mandatário ter cometido o crime de prevaricação ao não ter atuado sobre as suspeitas de irregularidades.

O governo federal assinou em fevereiro um contrato de 1,6 bilhão de reais para a compra de 20 milhões de doses da Covaxin, imunizante desenvolvido pelo laboratório Bharat Biotech, mesmo sem o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a vacina.

Na terça-feira, o Ministério da Saúde anunciou que vai suspender o contrato por recomendação da Controladoria-Geral da União (CGU), que iniciou uma apuração sobre as suspeitas levantadas sobre o acordo.

Em seu discurso na cerimônia da Aeronáutica, Bolsonaro voltou a dizer que conta com o apoio das Forças Armadas, citando o compromisso da entidade com a democracia, e disse que também conta com a parceria do Congresso Nacional.

“Só tenho paz e tranquilidade porque sei que além do povo eu tenho Forças Armadas comprometidas com a democracia e a nossa liberdade. Podem ter certeza que temos uma missão pela frente, e vamos cumpri-lá da melhor maneira possível, tendo, além do Poder Executivo, obviamente, os nossos amigos do Poder Legislativo, que tem nos dado grande apoio em todas as propostas que temos apresentado para o bem do Brasil”, afirmou.

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30 jun 2021, às 15h30. Atualizado às 15h31.
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