A Índia vai começar as exportações de vacinas contra Covid-19 na quarta-feira (19), abrindo caminho para que muitos países de baixa e média rendas garantam o fornecimento da vacina de Oxford/AstraZeneca, de fácil armazenamento, que deverá ter milhões de doses embarcadas pelos indianos dentro de dias.

O Instituto Serum (SII, na sigla em inglês), maior produtor mundial de vacinas, disse à Reuters na semana passada que esperava para breve uma autorização para uso emergencial da vacina por parte da Organização Mundial de Saúde (OMS). O SII teve licenciamento para produzir o imunizante.

O Ministério das Relações Exteriores da Índia afirmou que as exportações terão início na quarta-feira, após pedidos de “países vizinhos e importantes parceiros”. Segundo autoridades, as primeiras doses irão para o Butão e Maldivas.

Bangladesh, Nepal, Mianmar e Seicheles também receberão doses nesta semana, na primeira fase dos embarques, disse o ministério.

O Ministério das Relações Exteriores de Bangladesh afirmou que espera receber um presente de dois milhões de doses na quinta-feira. O país, que possui 160 milhões de habitantes e ainda não iniciou seu programa de vacinação, encomendou mais 30 milhões de doses, de acordo com autoridades.

Até agora, a imensa maioria da produção das três vacinas contra Covid-19 aprovadas de forma ampla no mundo foi absorvida pelas nações desenvolvidas, gerando preocupações na OMS e outras entidades de que os países mais pobres possam enfrentar uma longa espera pelos suprimentos.

A vacina de Oxford/AstraZeneca é vista amplamente como a melhor chance desses países, pois as outras duas —fabricadas pela Pfizer/BioNTech e pela Moderna— precisam ser armazenadas a temperaturas muito baixas.

A autorização da OMS para a vacina de Oxford/AstraZeneca também permitirá que o Serum comece a fornecer para a iniciativa Covax, da OMS, que visa uma distribuição igualitária de vacinas contra Covid-19 ao redor do mundo.

A Índia, que possui o segundo maior número de casos de coronavírus do mundo, disse que precisa equilibrar suas necessidades domésticas com as demandas internacionais.

O país começou a vacinar no sábado seus profissionais de saúde com o imunizante Oxford/AstraZeneca, assim como um outro desenvolvido pela Bharat Biotech.

A Índia pretende começar a exportar a vacina da Bharat em um segundo momento.

O Ministério das Relações Exteriores indiano disse que o fornecimento da vacina de Oxford/AstraZeneca para Sri Lanka, Afeganistão e Maurício começará assim que os órgãos reguladores desses países liberarem o imunizante.

O Paquistão é o único de seus vizinhos para o qual a Índia não pretende enviar doses de vacinas. Uma fonte governamental em Nova Délhi afirmou, além disso, que não houve pedidos paquistaneses para que isso ocorra.

O governo brasileiro chegou a preparar um avião para buscar 2 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca na Índia, que seriam exportadas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e usadas no início da vacinação no país, mas o voo acabou sendo cancelado.

“A entrega dos imunizantes ao Brasil passa por fase de licenciamento aduaneiro, tal como a autorização de exportação”, disse o Ministério da Saúde brasileiro em nota nesta terça. “O governo federal está em contato constante com as autoridades indianas para acelerar, no que for possível, esse processo e trazer as vacinas para o país o mais rápido possível”, acrescentou.

Além disso, clínicas privadas de vacinação também têm acordo para comprar 5 milhões de doses da vacina da Bharat uma vez que o imunizante obtenha registro definitivo junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

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19 jan 2021, às 17h14. Atualizado às 17h45.
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