Por Eduardo Simões

SÃO PAULO (Reuters) – O comportamento do presidente Jair Bolsonaro no combate à pandemia de Covid-19 talvez fosse considerado genocídio em um outro país, disse nesta sexta-feira o governador do Estado de São Paulo, João Doria (PSDB).

Em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, Doria classificou como “inacreditável” declaração dada mais cedo por Bolsonaro de que o governo federal fez a sua parte para enfrentar o colapso da saúde pública em Manaus, onde pacientes morreram asfixiados por falta de oxigênio.

“Em outro país isso talvez fosse classificado como genocídio”, disse Doria, que antes chegou a se exaltar e bater com o telefone celular no púlpito ao ler uma notícia divulgada pela CNN Brasil de que o Estado do Amazonas estava pedindo a outros Estados que recebam bebês prematuros afetados pela falta de oxigênio no sistema hospitalar de Manaus.

“Gente, é o fim do mundo isso! É o fim do mundo! Para quem é pai, quem é mãe, não tem oxigênio para bebê!”, afirmou.

Doria é desafeto político de Bolsonaro e apontado como provável candidato à Presidência da República em 2022, enquanto Bolsonaro, que ataca frequentemente o governador paulista, já anunciou que tentará a reeleição.

Em conversa com apoiadores ao deixar o Palácio do Planalto na manhã desta sexta-feira, Bolsonaro classificou como “terrível” a situação vivida por Manaus, ao mesmo tempo que disse que o governo federal fez sua parte.

“Terrível o problema lá. Agora, nós fizemos a nossa parte”, disse. “As Forças Armadas deslocaram para lá um hospital de campanha, o ministro da Saúde esteve lá na segunda-feira providenciou oxigênio”, disse.

Manaus, capital do Amazonas, enfrenta o momento mais crítico de saúde pública desde o início da pandemia, de acordo com autoridades estaduais, e a elevação da demanda por oxigênio causada pelo aumento de casos da doença fez com que o produto faltasse, gerando uma situação dramática nos hospitais.

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15 jan 2021, às 14h53. Atualizado às 14h55.
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