Por Nayara Figueiredo

SÃO PAULO (Reuters) – A terminação de bovinos em confinamento deve encerrar 2021 com recorde de 6,528 milhões de cabeças, alta de 2% em relação ao ano passado, estimou nesta quarta-feira a DSM, citando expectativas positivas para 2022 com base em custos mais controlados e preços elevados da arroba.

A máxima anterior foi vista em 2020, quando o país confinou 6,4 milhão de cabeças, e o número deste ano poderia ter sido ainda maior caso não houvesse a suspensão de embarques de carne bovina para a China, principal importador, disse a empresa de nutrição animal.

Segundo dados do Censo de Confinamento da DSM, Mato Grosso segue na liderança ao registrar 1,383 milhão de cabeças (+1%) confinadas, mas São Paulo foi destaque devido ao crescimento de 17% no comparativo anual, para 1,12 milhão.

O vice-presidente do negócio de Ruminantes da DSM para a América Latina, Sergio Schuler, disse a jornalistas que o ano foi desafiador pois houve preço recorde para a arroba, porém as despesas para a produção também estiveram mais elevadas.

“A alta dos custos produtivos desafiou a gestão e a resiliência dos produtores, que tiveram de lidar com a variação do dólar, aumento de preços do milho, da soja e de outros insumos”, disse ele.

Para o executivo, o cenário impulsionou a adoção de tecnologia entre os pecuaristas com o intuito de ganhar produtividade –o que favorece a terminação intensiva.

Sobre o “efeito China”, o gerente da área de gestão do conhecimento da DSM, Marcos Baruselli, disse que as margens dos confinadores chegaram a ficar negativas após o anúncio do embargo chinês, e voltaram para o azul à medida que os preços da arroba se recuperaram.

As exportações de carne bovina do Brasil para a China estão suspensas desde setembro, quando dois casos atípicos de doença Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como “vaca louca”, foram registrados no país.

As cotações do boi gordo foram diretamente afetadas pelo embargo, e chegaram a tocar a mínima do ano, de 254 reais por arroba em outubro, de acordo com o indicador do Cepea/B3. O mercado reagiu e na última terça-feira fechou em 316,6 reais.

“O efeito China sim impactou o número de confinamento. Nos levantamentos anteriores a expectativa era de maior crescimento.”

A maior parte da criação do Brasil é extensiva, com o gado criado no pasto. Mas uma parte menor dos pecuaristas, especialmente aqueles que abastecem mercados que pagam mais, utiliza o confinamento para ganhar produtividade.

2022

Para o ano que vem, o gerente técnico nacional de Confinamento da DSM, Hugo Cunha, disse que a expectativa é positiva, embora seja cedo para cravar um número para o volume de gado que será confinado no Brasil.

“Estamos em um momento de condições climáticas favoráveis para produção de grãos, principalmente milho e soja. Isso nos mostra que podemos ter custos mais controlados”, afirmou.

Segundo o executivo, as despesas chegaram a saltar 80% em 2021, no comparativo anual, com diárias dos confinamentos indo até 20 reais por arroba.

“Outro fator é uma reposição, esperamos uma reposição menos inflacionada e com isso acreditamos em um ano muito favorável em 2022”, disse ele sobre os segmentos de bezerros e bois magros.

Há também a perspectiva de que as cotações da arroba se mantenham em patamares firmes, o que contribui para a cobertura dos custos de produção no próximo ano.

(Por Nayara Figueiredo)

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8 dez 2021, às 15h40. Atualizado às 15h45.
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