Ansiedade e agonia complementam o medo e tristeza dos moradores de Barão de Cocais, cidade mineira distante cerca de 100 km da capital mineira, quando questionados sobre o risco de rompimento de uma barragem de rejeitos de uma mina operada pela Vale na cidade.

Risco de rompimento de barragem em Barão dos Cocais

Segundo o vice-prefeito, Lourival Ramos de Souza, a ansiedade provocada pela situação fez crescer o número de pessoas que procuram atendimento psicológico e médico nos hospitais da regiões e com características tipicas de ansiedade como aumento da pressão arterial, falta de ar e irritabilidade.

Apesar de um esforço de todos em tentar manter a rotina, pequenas mudanças, como o fechamento das agências bancárias, deixa quem vive na pequena cidade de pouco mais de 30 mil habitantes, cada vez mais apreensivo.

Os bancos usaram uma norma do Banco Central que diz que eles podem fechar em alguns casos específicos de risco, entre eles o que a cidade enfrenta.

Ansiedade sobre o incerto

Vanessa Baptista, por exemplo, é surda-muda, mas lê bastante e fica atenta a tudo que acontece ao seu redor. Com a ajuda de uma amiga, disse que quando chegou para trabalhar e descobriu que os bancos ao lado da empresa que trabalha estavam fechados, sentiu-se mal. Era uma crise de ansiedade, pela incerteza do que iria acontecer.

Nas rodinhas de conversa da cidade, o assunto também dá o tom de que todos estão mais que apreensivos, sempre levantando a dúvida que se arrasta há 4 meses: a barragem vai se romper ou não.

“A gente sai de casa e não sabe se vai voltar”, justificou o operador de máquinas Paulo Sabino. Esse clima de apreensão, tem afetado inclusive rotinas simples de quem mora em Barão de Cocais como ir a igreja e até mesmo comprar pão na padaria.

“As vendas caíram 70% aqui, pois como fico próxima do rio, pessoal tem medo até de parar o carro e entrar para comprar pão e a barragem romper nesse tempo. E olha que temos mais de 1h para fugir ate’a lama chegar aqui, isto se chegar”, diz Maria Flávia, dona de uma padaria da cidade.

Risco Aumentou

Desde 8 de fevereiro, a barragem Sul Superior da Mina de Gongo Soco está em alerta máximo para o risco de rompimento. Nesta quinta-feira (23) o risco aumentou ainda mais.

Nas últimas semanas, desde que a Vale identificou uma movimentação de taludes — paredes de terra em torno de um local escavado — na área da mina de Congo Soco, a preocupação com a barragem aumentou.

Segundo a empresa, caso um destes taludes desmorone, existe risco que o impacto provoque uma desestabilização na barragem Sul Superior e cause seu rompimento.

De lá para cá, a empresa removeu moradores de áreas diretamente afetadas por um eventual rompimento, e intensificou simulações de evacuação em áreas da cidade onde existe um tempo de fuga caso o incidente aconteça.

24 maio 2019, às 00h00.
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