Dólar tem queda com atenções a Biden, Copom e vacinas

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar tinha queda ante o real nesta quarta-feira, com o mercado de câmbio seguindo o clima mais positivo ao risco no exterior à medida que as atenções estão voltadas para a posse do presidente eleito dos Estados Unidos, enquanto no Brasil a decisão de juros e o desenrolar das vacinas seguiam no foco.

Às 11h56, o dólar à vista caía 0,77%, a 5,3053 reais na venda, devolvendo a alta de 0,78% da véspera, quando fechou a 5,3461 reais.

Moedas de perfil parecido com o do real, como peso mexicano, rand sul-africano e dólar australiano, se valorizavam. As bolsas de valores da Europa subiam, enquanto Wall Street avançavam. O petróleo ganhava terreno.

Segundo o Bradesco, a expectativa de investidores é que Biden apresente ao Congresso, ainda nos primeiros dias de governo, sua proposta para um pacote fiscal de 1,9 trilhão de dólares, num momento em que a economia norte-americana dá sinais de perda de vigor.

Mais estímulos nos EUA significam mais liquidez que pode migrar para mercados de maior risco, como o Brasil, estimulando entrada de dólares e potencialmente baixando o preço da moeda.

Investidores também estavam no aguardo da sinalização do Banco Central sobre os rumos da Selic, com muitos no mercado contando que o BC retirará do comunicado a promessa de manter os juros caso certos critérios sejam respeitados.

O entendimento é de que esse seria o primeiro passo para se vislumbrar alta da Selic, o que poderia dar algum suporte ao câmbio. Segundo analistas, um dos motivos para a pressão sobre o real é o juro em patamar muito baixo, que deixa a moeda mais vulnerável a operações de hedge ou de financiamento para apostas em outras divisas.

O BNP Paribas afirmou estar comprado em reais, apesar dos desafios fiscais do país, e citou entre os motivos a perspectiva de que o “incremento do carry” seja positivo para a moeda. O banco disse que já esperava um desempenho melhor do real devido à liquidez no mundo e ao aumento dos preços das commodities. “Agora, com um carry maior, o real parece ainda mais atrativo”, disseram em nota Gustavo Arruda e Samuel Castro.

Conforme pesquisa do Bank of America, o real é a maior aposta entre as moedas da América Latina que terão desempenho superior nos próximos seis meses. Ainda de acordo com a sondagem, a deterioração fiscal é o principal risco citado em relação ao Brasil, concentrando 72% das respostas.

O temor de criação de novas despesas voltou a assombrar os mercados, à medida que a percepção de que a imunização contra a Covid-19 no Brasil será lenta e sujeita a reveses tem elevado receios quanto à força da recuperação da economia.

O mercado tem monitorado com atenção a campanha por eleição na Câmara e no Senado para calcular riscos de nova pressão por mais gastos, que também podem vir de dentro do próprio governo.

(Por José de Castro)

20 jan 2021, às 12h08. Atualizado às 12h10.
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