Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar caía mais de 1% nesta terça-feira, com o real liderando os ganhos nos mercados globais de câmbio, em dia de forma geral positivo para ativos de risco no mundo, enquanto no Brasil o mercado reagia a declarações do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Economia sobre importância do cumprimento de regras fiscais e da entrada do setor privado no processo de vacinação.

Às 12h36, o dólar spot cedia 1,60%, a 5,3837 reais na venda, depois de tocar 5,3736 reais (-1,79%) na mínima da sessão. Logo após a abertura, a moeda chegou a subir 0,14%, para 5,479 reais.

Em evento promovido pelo Credit Suisse, Bolsonaro mudou o tom e defendeu a vacinação contra a Covid-19 como forma de fazer a economia brasileira voltar a funcionar, em comentários alinhados aos feitos pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

Ambos defenderam proposta feita por empresários brasileiros de comprar vacinas para imunizar seus funcionários e também doar parte ao Sistema Único de Saúde. Bolsonaro disse ainda que o governo manterá o compromisso com o teto de gastos e não irá transformar em permanentes medidas temporárias criadas para combater a pandemia de Covid-19.

Em seis sessões até a sexta-feira passada, o dólar saltou 5,10%, com o real liderando as perdas no mundo enquanto investidores embutiam nos preços potenciais repercussões econômicas e fiscais do agravamento da pandemia e da queda de popularidade do presidente da República.

Nesta terça, o real era amparado ainda pelo clima positivo no exterior, onde moedas emergentes tinham firme valorização. A ata da última reunião de política monetária do Banco Central, divulgada mais cedo, também era citada como fator de apoio ao câmbio.

Alguns membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central defenderam na semana passada que já fosse dado início à elevação da taxa básica de juros, mas o entendimento predominante no colegiado foi de que, diante das incertezas, seria preferível aguardar a divulgação de mais informações sobre o cenário econômico e a pandemia do coronavírus, mostrou o documento.

“A ata veio ainda mais ‘hawkish’ que o comunicado”, disse o Citi em nota. “Em suma, a comunicação reforça a visão de que a primeira alta de juros não só deve acontecer neste ano, mas também reforça a hipótese de que pode se concretizar já no primeiro semestre de 2021. Acreditamos que o ciclo de alta de juros por vir dará algum suporte ao real”, acrescentou o banco.

Segundo analistas, um dos motivos para a pressão sobre o real nos últimos tempos é o juro em patamar muito baixo, que deixa a moeda mais vulnerável a operações de hedge ou de financiamento para apostas em outras divisas.

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26 jan 2021, às 12h45.
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