Exterior respalda queda do dólar a mínima desde fim de julho

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou no menor patamar desde o final de julho nesta segunda-feira, caindo cerca de 1%, com investidores imprimindo no câmbio um começo de semana otimista nos mercados globais antes de importantes decisões de política monetária nos próximos dias.

O dólar à vista recuou 1,10%, a 5,2747 reais na venda, menor nível desde 31 de julho (5,2185 reais).

A moeda oscilou entre 5,3244 reais na máxima alcançada pela manhã (-0,16%) e 5,2626 reais na mínima (-1,32%) durante a tarde.

Na B3, o contrato de dólar de maior liquidez cedia 0,83% às 17h05, para 5,2795 reais.

O real esteve entre as moedas de melhor desempenho nesta sessão, acompanhado de outras divisas emergentes sensíveis ao sentimento de risco, como peso mexicano, que subia 1%, e rand sul-africano (+0,6%), entre outras.

A melhora do humor de investidores teve relação com notícias sobre testes para vacina contra a Covid-19. A farmacêutica Pfizer Inc e a empresa de biotecnologia BioNTech SE propuseram no sábado expandir a Fase 3 de seus testes, e a farmacêutica AstraZeneca informou no fim de semana que havia retomado os testes clínicos britânicos de sua vacina.

Notícias sobre fusões e aquisições também ajudaram a levantar o ânimo de agentes financeiros, no início de uma semana rica em decisões de juros –Brasil, EUA, Japão e Reino Unido atualizam nos próximos dias avaliações sobre suas políticas monetárias.

Aqui, a expectativa é de manutenção da Selic em 2% ao ano, devido ao recente noticiário fiscal que inspirou maior cautela em meio a leituras mais altas de inflação no atacado e à contínua volatilidade nos ativos financeiros.

O mercado financeiro manteve as estimativas para o dólar ao fim de 2020 (5,25 reais) e 2021 (5,00 reais), mas reduziu a projeção para a Selic no término de 2021 de 2,88% para 2,50%, conforme a mais recente pesquisa Focus do BC divulgada mais cedo.

A Selic baixa tem sido citada como uma das causas para a instabilidade no câmbio e também para maior dificuldades do Tesouro Nacional de rolar a dívida pública em meio a um já fragilizado quadro fiscal.

“(No médio prazo) tudo isso (juro baixo) dificulta ainda mais a apreciação do real perante o dólar, uma vez que limita muito o fluxo de capitais estrangeiros para cá”, disse Fernando Bergallo, CEO da FB Capital, citando que o mercado segue vendo dólar pelo menos em 5 reais até o fim do ano que vem.

O dólar fechou 2019 valendo 4,0129 reais. Em 2020, a moeda norte-americana dispara 31,44%, o que faz do real a divisa relevante com pior desempenho no período.

14 set 2020, às 17h14. Atualizado às 17h15.
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