Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar seguia volátil nesta quarta-feira, depois de já oscilar entre ganhos e perdas, de olho no vaivém do humor externo.

Depois de marcar queda de 0,67% na mínima do começo do pregão, a moeda tomou fôlego, virou o sinal e chegou a subir 0,26%, antes de voltar a enfraquecer.

Investidores preferiam evitar grandes mudanças de posições antes do retorno das operações apenas na semana que vem, enquanto acompanham desdobramentos sobre novos estímulos nos Estados Unidos e as negociações acerca de um acordo comercial do Brexit.

Às 11h52, o dólar à vista rondava estabilidade, valendo 5,1645 reais.

À medida que o fim do ano vai se aproximando, o volume de negócios tende a se reduzir, deixando o mercado mais suscetível a variações bruscas e fatores técnicos.

“O mercado continuará a ver volatilidade, mas certamente parece que a tendência de baixa (do dólar) está bastante intacta”, disse o DailyForex em nota.

Na terça, 203.055 contratos foram negociados no mercado de dólar futuro, o menor volume desde 27 de novembro e 24% abaixo da média das 30 sessões anteriores.

“Outra coisa a se prestar atenção é o fato de que a média móvel de 50 dias está se preparando para cruzar abaixo da média de 200 dias, a chamada ‘cruz da morte’, que pode enviar o dólar para baixo de um ponto de vista de longo prazo”, acrescentou o DailyForex.

A média móvel de 50 dias está em 5,3909 reais, enquanto a de 200 dias se encontra em 5,3595 reais.

Pela análise do Morgan Stanley, o real ainda está entre as moedas favoritas no mundo emergente, em contraposição a pares como won sul-coreano, dólar de Taiwan e shekel israelense.

No exterior, o dólar abandonou alta de mais cedo e caía 0,3%. Os mercados em geral melhoraram o sinal depois de notícia de que os países da União Europeia (UE) deram início aos preparativos de procedimentos para adotar um novo acordo comercial com o Reino Unido a partir de 1º de janeiro, disseram à Reuters três fontes diplomáticas no bloco nesta quarta-feira. A libra saltava 1,2%, superando 1,35 dólar.

Os mercados digeriam ainda uma série de indicadores econômicos nos EUA e analisavam a recusa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de sancionar um projeto de lei de quase 900 bilhões de dólares para enfrentamento dos impactos do coronavírus.

O índice do dólar no exterior caía 1,9% em dezembro e 6,5% em 2020, a caminho do pior ano desde 2017.

“O dólar está com excesso de valorização após um longo período de desempenho superior”, disse o Goldman Sachs em nota, prevendo mais fraqueza da divisa à frente.

“Os cortes das taxas do Fed corroeram a vantagem de carry da moeda, o novo quadro de metas de inflação média do banco central deve manter as taxas de juros (reais e nominais) baixas por vários anos, e a recuperação da economia global deve pesar no ‘porto seguro’ do dólar por meio de diversos canais”, completou.

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23 dez 2020, às 12h00.
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