por Guilherme Becker
com informações de Marcelo Borges, da RICtv

O júri popular da ex-policial Kátia das Graças Belo, que atirou e matou a copeira Rosaira Miranda da Silva em 23 de dezembro de 2016, terminou na madrugada desta sexta-feira (27). Após aproximadamente 11 horas de sessão, o juiz determinou a condenação da ex-servidora a 14 anos e 3 meses de prisão por homicídio duplamente qualificado, com motivo fútil e impossibilidade de defesa.

Durante o júri, a ex-policial, que foi demitida da Polícia Civil no ano passado, confessou que efetuou o disparo pois seu quarto “virou uma caixa de som”, devido a uma confraternização que era realizada em um lava-car, no Centro Cívico. Diante da insatisfação com o barulho, Kátia pegou uma arma e realizou um disparo da janela do apartamento, para baixo. O tiro foi certeiro na cabeça de Rosária, que chegou a ser socorrida, passou nove dias no hospital, mas não resistiu.

“Houve um erro que, infelizmente, me define por completo hoje. Eu assumo esse erro. Sinto muito. Não foi só a Rosaira que morreu naquele dia, eu e minha família também morremos […] Foi um ato de desespero. O meu quarto naquela noite virou uma caixa de som. As paredes vibravam, como por muitas vezes ocorreu naquele 2016. E, de fato, perdi o controle, em um ato de desespero, de pedir socorro. Eu dei um tiro para baixo. E é por isso que estou aqui hoje, infelizmente”,

declarou Kátia no banco dos réus.

Como tentativa de evitar a condenação, a equipe de defesa da ex-policial, antes do início do júri, levou os jurados e envolvidos na sessão até o local do crime e depois até o apartamento onde a ex-policial efetuou o disparo. Apesar das manobras, os jurados decidiram pela condenação de Kátia.

Entretanto, a condenada não saiu do Tribunal do Júri direto para a cadeia. Devido a um recurso da defesa, a mulher continuará em liberdade. Segundo Edson Facchi, advogado de defesa da família de Rosaria, a prisão deve acontecer em breve.

“Foi um trabalho tranquilo, e a gente já esperava isso por tudo que foi produzido durante o processo. Ela agiu no mínimo, assumindo o risco, ou seja a o dolo, ainda que eventual, com as duas qualificadoras […] A pena é uma questão do magistrado, o que ela obteve aqui foi um direito que a lei prevê de recorrer, para passar um pouquinho a mais em liberdade”,

contou o advogado.

Família fica indignada com liberdade

Mesmo com a condenação da ex-policial, familiares e amigos da copeira ficaram insatisfeitos com a liberdade de Kátia. O marido e o filho de Rosaira mostraram indignação com o resultado, seis anos após o crime.

“A justiça veio, mas não foi como a gente gostaria. Eu queria que ela saísse daqui presa, porque eu vou continuar com medo. Com medo dela ameaçar meu pai, ameaçar eu, a gente continua com medo. Eu queria que ela saísse presa, porque minha mãe não vai voltar mais”,

contou João Vitor, filho da vítima.

O marido, Francisco Leite, também mostrou que esperava, pelo menos, que a ex-policial saísse presa do júri. “Sem palavras, 14 anos é pouco né. Uma pessoa que réu confesso, matou e vai continuar em vão”, declarou.

27 maio 2022, às 07h35. Atualizado às 07h38.
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