A história das meninas do futsal do Colégio Aprendendo com a Terra e com a Vida, de Cascavel, no Oeste do Paraná, que jogaram e foram campeãs com uniformes e calçados emprestados nos JEPS (Jogos Escolares do Paraná), teve um desfecho inesperado, mas muito especial.

Para que o time pudesse participar da fase regional dos jogos, que será realizada em Catanduvas, em maio, uma ação solidária foi realizada com o objetivo de comprar tênis e o de confeccionar um uniforme esportivo para as garotas. A história foi contada no Portal RIC Mais e na Jovem Pan Cascavel. Foi a partir dessa divulgação, que parte da ajuda veio de um time da cidade vizinha, Toledo, que fica a 40 quilômetros de Cascavel.

Sensibilizado com a história das meninas, o técnico do time Feminino do TEC (Toledo Esporte Clube), Jaime Lira, entrou em contato com a nossa equipe de Jornalismo e uma nova história foi escrita fora das quatro linhas do campo para que as jogadoras pudessem vestir novos tênis e novos sorrisos.

Jogo inesperado

Era para ser mais um dia comum de treino no campo de terra que fica ao lado do colégio. Mas o evento parou a comunidade escolar. O time da cidade vizinha chegou de ônibus e “bateu uma bolinha” com as atletas do professor Adroaldo Klock.

O treino, de aproximadamente 40 minutos, foi debaixo de sol, na terra. O ambiente é conhecido pelas meninas do colégio, mas traz uma dificuldade para enfrentar os times nas quadras.

“O desafio no campo de terra é maior. Quem treina na escolinha, é uma quadra rápida e veloz, para treinar passe, nós trabalhamos em um campo de terra, é totalmente diferente.”

Adroaldo Klock – técnico Colégio Aprendendo com a Terra e com a Vida

A realidade da diferença de “terreno” foi sentida pelas meninas do Toledo. Antes do lanche pós-treino, as campeãs da fase escolar dos jogos foram surpreendidas.

No carro, a poucos metros de onde era o treino, quem acompanhava tudo era a Ingrid Aparecida de Morais, a Jhonson. Ela tem uma das multas rescisórias mais caras do futebol mundial. O valor ultrapassa a casa dos R$ 54 milhões.

A atacante é uma das revelações do futebol feminino, foi artilheira e campeã do Sul-Americano sub-17, com a camisa do Brasil

E foi com a camisa da seleção que ela “invadiu” o refeitório e foi recebida com muita alegria por toda a comunidade escolar. E quando as meninas achavam que a surpresa tinha acabado, foi aí que tudo começou.

O professor Jaime e a jogadora Jhonson entregaram um jogo de uniformes, jogo de meião, e também bolas para que as meninas pudessem seguir treinando. 

A emoção tomou conta. A parceria com uma empresa também rendeu frutos: as meninas que por muitas vezes treinavam de pés descalços, ganharam tênis. Nos olhos das pequenas atletas, brilho. E, nos lábios, um grande sorriso de gratidão.

“A gente sabe o que é passar por esse período, quer treinar, mas não tem material, vai jogar e não tem condições. Não é só levar o material, mas fazer uma interação com o time, trocar experiências.”

Jaime Lira – técnico do TEC

O uniforme doado pelo Toledo será utilizado por uma das quatro equipes que representam a escola. A ação solidária continua para arrecadar fundos que serão destinados para outros uniformes e mais equipamentos para treinos e jogos.

Dedicação e luta

Mesmo diante das dificuldades, as meninas não se abateram e foram “pra cima” dos rivais dos JEPS. Dentre os placares, alguns chamam a atenção pela diferença de gols: vitória de 6 a 2 em cima do Colégio Estadual Wilson Joffre e de 9 a 0 contra o Colégio Santa Cruz. 

Elas foram até a final dos jogos e depois de um empate técnico, a vaga foi decidida na moeda.

“O jogo da última partida foi emocionante, contra o colégio Marilis. Elas estavam ganhando de 3 a 2, quando deu um pênalti e a partida terminou empatada. Diante do resultado, foi necessário um desempate técnico, que também terminou empatado. Foi necessário um sorteio na moeda, que terminou com a vitória da nossa equipe para a próxima fase.  Nós fomos abençoados. Naquele momento meu coração se encheu de alegria por toda essa luta diária que a gente tem e conseguir ganhar.”

Adroaldo Klock – técnico Colégio Aprendendo com a Terra e com a Vida 

As meninas do futsal deram uma lição de superação, força de vontade e, claro, de maestria nas quadras. Com treinos feitos em um campo de terra batida, elas foram para as quadras e, diante de escolas que treinam em ginásios, mostraram que é possível vencer. Todo o empenho foi acompanhado de perto pela diretora do colégio, Juliana Poroloniczak.

“Não temos um prédio físico, apenas uma quadra de terra e um campinho com grama. Muitas vezes elas treinam de pé no chão. As nossas meninas não estão acostumadas em quadra, então levamos um ou dois jogos para se habituar. Nossas meninas são guerreiras.”

diretora do colégio, Juliana Poroloniczak.
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27 abr 2022, às 12h11. Atualizado às 14h36.
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