Ninguém é hipócrita de achar que em um momento tão delicado quanto o que vivemos no Paraná e no Brasil, o esporte está na lista de prioridades de qualquer gestor público ou privado. Mas fato é que enquanto cidades menores e economicamente menos fortes que Ponta Grossa mantém projetos esportivos sólidos, nossa cidade está andando para trás. E um grande exemplo está no futsal: nesta semana, foram confirmadas as 47 equipes que irão disputar as Chaves Ouro e Prata do Campeonato Paranaense Masculino e Feminino em 2021. Nenhuma delas é de Ponta Grossa.

Ainda restam as confirmações da Chave Bronze, terceira divisão do futsal masculino no Estado, mas o que se indica nos bastidores é que seja pouco provável que tenhamos representantes da Princesa dos Campos Gerais. Ou seja, pela primeira vez na história recente do nosso futsal não teremos nenhuma equipe adulta disputando competições estaduais: nos últimos 30 anos, equipes masculinas e femininas se revezaram pelo Paraná afora levando o nome de Ponta Grossa. Nunca estivemos tão ausentes como agora!

E quais são os motivos para uma cidade tricampeã dos Jogos Abertos do Paraná (masculino e feminino), vice-campeã Paranaense e da extinta Taça Paraná, e que já formou inúmeros talentos para seleções estaduais e nacionais, ficar completamente de fora do mapa do futsal paranaense adulto? Os principais são dois: falta de investimento e vontade política. Em todos esses anos anteriores, dá para contar nos dedos os projetos que de fato tiveram pelo menos um desses dois pré-requisitos.

E das poucas vezes que tivemos (as principais delas com o Santa Paula e mais recentemente com o Keima Futsal), muita gente ligada ao futsal alertava sobre a necessidade de se construir um legado, uma estrutura para o dia em que a fonte dos investimentos secasse; este humilde colunista inclusive, em outros veículos, foi um deles. Não deu outra: depois do vice-campeonato de 2016, o Keima Futsal abriu mão da participação na Chave Ouro do ano seguinte e não havia perspectiva alguma de futuro.

“Em todos esses anos anteriores, dá para contar nos dedos os projetos do futsal em Ponta Grossa que de fato tiveram pelo menos um desses dois pré-requisitos: investimento ou vontade política”

Paciência tem limite

Exceções citadas, a maior parte dos projetos ligados ao futsal de Ponta Grossa surgiram da paixão e da esperança de técnicos, jogadores e profissionais que acreditavam em dias melhores para a modalidade. Pessoas que abriram de muita coisa ao longo dos anos e, que com o passar do tempo, não viam muita perspectiva de melhora mesmo com resultados expressivos. Para não citar todos (que precisaria deste site todo só para isso), vou falar do mais recente: o futsal feminino.

O trabalho iniciado pelo professor ‘China’ Malaquias colocou a cidade entre as melhores do Paraná na modalidade com uma receita humilde: atletas ‘pratas-da-casa’ e apoio de entusiastas do futsal feminino. Na sequência, com dificuldades ainda maiores, a professora Juciandre Capri tentou dar sequência a esta trajetória mesmo sem as principais atletas do time campeão dos Jogos Abertos em 2017, já que os destaques daquela equipe foram para outras cidades. Sob o nome de PYL Futsal Feminino e PG Fut, este grupo disputou o Paranaense ‘passando o chapéu’ para pagar despesas básicas durante a disputa do Estadual.

E assim foram as histórias de inúmeros profissionais que passaram pelo futsal de Ponta Grossa, que hoje ficam com as lembranças de um ‘alçapão’ do Ginásio Zukão lotado, de um Clube Verde quase imbatível no Ginásio Centenário, ou mais recentemente do Oscar Pereira cheio para ver a nossa cidade dando show contra times de Liga Nacional. O futsal de Ponta Grossa está na UTI e não sei se tem algum respirador que dê jeito. Um grande abraço a você, leitor, e até a próxima!

6 mar 2021, às 12h09.
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