Liberdade Financeira

por Lukas Rique
Primeiro de tudo: esse artigo não tem a finalidade de te fazer tomar nenhuma decisão sobre investir ou não em criptomoedas, em especial o Bitcoin, mas sim ajudá-lo (a) a se tornar um ser pensante e ciente das principais variáveis que envolvem a variação do preço desse ativo, para que então você possa tomar suas decisões com segurança.

Em meu último artigo da coluna – clique aqui para ler – demonstrei a valorização somente desse ano de algumas criptomoedas, e o Bitcoin em especial, no momento em que estou lhes escrevendo acumula alta de mais de 60% em Dólar em 2021.

O grande cerne que conduz a tese de investimento no mercado de criptomoedas é um movimento de transformação que vai muito além do que a grande maioria das pessoas consegue enxergar, estamos falando de uma série de setores e mercados que vivem um momento ímpar em sua história, onde tudo pode vir a convergir com uma nova economia, formada por moedas descentralizadas, com baixa ou nenhuma intervenção estatal, baixos custos de transação, agilidade e segurança, ou seja, tudo o que as criptomoedas podem oferecer.

Os setores que podem criar uma onda de crescimento ainda maior para as criptomoedas já estão em evidência em diversos canais, tais como:

  • Serviços de Clound (armazenamento em nuvem)
  • Bancos e Carteiras Digitais
  • Veículos Elétricos
  • Delivery de Drones
  • Viagens Espaciais
  • Impressões 3D
  • Scanner Multifuncional
  • Terapia Genética e Celular

Entre diversos outros temas totalmente inovadores e disruptivos. Atualmente já estamos vendo gigantes da tecnologia se projetando para adotar as criptomoedas, em especial o Bitcoin, em seus meios de pagamento e alocação de recursos, como é o caso da Tesla, Amazon, Apple e assim por diante.

Mas afinal, quais os reais fundamentos por trás do Bitcoin?

  1. Digital Wallets

Um dos primeiros fundamentos é pouco percebido pelo mercado como um todo, mas pode ser considerado como o Custo de Aquisição (CAC) de um novo adepto às criptomoedas. Tais ativos são armazenados e transacionados através de suas Digital Wallets, ou seja, não possuem um banco custodiante por trás ou até mesmo uma Clearing House, logo são transações independentes de ponta a ponta entre os usuários, onde tudo isso é gerenciado através da famosa BlockChain, que registra todas as transações realizadas com o Bitcoin em todo o mundo, por exemplo.

Fonte: ARK Investment Management LLC, 2020.

De acordo com pesquisa realizada em 2020 pela empresa ARK Investment, dos Estados Unidos, o CAC para um cliente de Carteiras digitais é inferior a diversos outros meios de pagamento existentes atualmente, representando um potencial de escalabilidade ainda maior no segmento.

Para que possamos ter um comparativo, na China, o volume de transações realizadas através de dispositivos Mobile vem superando o PIB do país desde 2017, onde somente em 2020 o número se aproximou de 36 trilhões de dólares:

Essa tendência de Digital Wallets já está presente em praticamente todos os continentes, ainda de acordo com a pesquisa da ARK Investment:

  • Adoção de Investidores Institucionais

Conforme citado no início do artigo, gigantes de tecnologia estão começando a avaliar o Bitcoin como uma moeda confiável, a exemplo da Tesla Motors Inc., que recentemente alocou cerca de   $ 1.5 bilhão de dólares de seu caixa em Bitcoin.

A Tesla Motors Inc., atualmente considerada a maior montadora do mundo em termos de valor de mercado, compõe um índice do mercado norte americano denominado S&P500, que acompanha as 500 maiores empresas do mercado dos EUA, onde após levantamento realizado pela ARK, se todas as empresas que compõem o índice, alocassem ao menos 1% de seus valores em caixa em Bitcoin, o potencial aumento da moeda seria na ordem de $ 40.000 dólares, ou seja, praticamente dobraria de valor e, em Reais, chegaria a ser negociado por volta de R$ 500.000,00.

Diversos acontecimentos em 2020 foram fundamentais para “estressar” a tese do Bitcoin, onde após tais acontecimentos, ao final de 2020, a moeda atingiu seu maior preço da história, isso ao longo do tempo pode proporcionar maior segurança para investidores institucionais revisarem seus conceitos em relação a esse mercado. Grandes investidores anunciaram pequenas alocações de seu capital em Bitcoin em 2020, como foi o caso da Microstrategy, empresa componente do S&P500 que fornece serviços de inteligência em negócios, softwares e cloud services, Paul Tudor Jones, fundador da Tudor Investment Corporation, empresa de gerenciamento de ativos sediada nos EUA, além de outros nomes como a Square Investments e Paypal.

  • Diminuição de Especulações

Uma grande dúvida que permeia no mercado de criptomoedas em geral, diz respeito a sua volatilidade e ao alto nível de especulação dos investidores de maneira geral, que são aqueles que procuram por oportunidades de curto prazo para realizar algum tipo de ganho e logo se desfazem do ativo, realizando a venda e contribuindo para que seu preço caia.

De acordo com dados do site Glassnode – especializado no mercado de criptos – até Novembro de 2020, cerca de 60% do volume total de Bitcoins não sofria movimentação em suas carteiras entre 06 meses e 01 ano, ou seja, uma evidência de que o mercado como um todo segue focado numa tese de investimento de longo prazo de modo mais convicto:

Um outro acontecimento que segue no retrovisor dos investidores de criptomoedas, é o fato da moeda viver seus momentos de Hype, ou seja, grandes movimentos de alta ocasionados por um “movimento de manada”, puxado por um viés de recência ou disponibilidade, que é o fato de algum acontecimento estar muito em evidência na mídia ou em qualquer canal de comunicação, gerando uma grande procura pelo ativo e uma decisão de compra relativamente emocional, o que gera uma fraqueza no movimento de alta. Isso ocorreu em 2017, quando o Bitcoin atingiu sua maior alta da história e pouco tempo depois devolveu praticamente todo o movimento.

Um excelente termômetro para isso é entendermos qual o grau de relação entre o número de pesquisas pelo termo “Bitcoin” na internet e seu movimento de preços, onde se o movimento for correlacionado, ou seja, diretamente proporcional, podemos entender que há uma certa euforia presente na alta dos preços, e caso forem descorrelacionados, onde o preço sobe e o número de pesquisas não sobe no mesmo ritmo, podemos entender que há um movimento melhor gerenciado por parte dos investidores, conforme mostra o gráfico abaixo:

A relação entre volume de pesquisas e aumento dos preços é de apenas aprox. 15% em 2020, enquanto em 2017 era praticamente de 100%.

  • Viés Cognitivo – FOMO

Dentro do mundo de investimentos, várias são as razões que fazem com que os investidores tomem suas decisões, essas razões são conhecidas como Vieses Cognitivos. Um que pode impulsionar novos investidores a adentrar no mercado de criptomoedas é o conhecido como FOMO – Fear Of Missing Out, que nada mais é do que o risco de se ficar de fora de alguma operação.

Muitos investidores mais conservadores e tradicionais, demonstram adotar essa postura ao realizar investimentos em Bitcoin por exemplo, alocando uma pequena parte de seu capital (algo entre 1% e 5%) apenas para não correr o risco de ficar de fora de uma grande valorização, pois por mais que não se tenha uma tese muito convicta que demonstre confiança para alocar uma fração maior de seu capital, esses investidores consideram mais arriscado não alocar nada do que alocar uma pequena fração de sua carteira e acompanhar o movimento. Se houverem perdas, essas seriam de menor expressão, porém se houverem ganhos, esses podem se tornar representativos, logo essa leitura cria uma relação Risco x Retorno com assimetria positiva, incentivando cada vez mais novos entrantes.

  • Corrida para Ganhar Credibilidade

Mesmo diante da inegável vantagem em se participar desse mercado, os investidores somente se sentirão mais seguros com relação a alocações maiores de seu capital se o mercado de criptomoedas como um todo e especialmente sua maior moeda – O Bitcoin – vencerem as barreiras regulatórias atuais, provando serem ativos confiáveis e não passíveis de manipulação por alguns players específicos, defendendo interesses de uma minoria ou até mesmo permitindo transações ilegais ao redor do mundo.

Um recente histórico demostra que essa guerra vem sendo vencida pelo mercado de criptomoedas, pouco a pouco:

  • Reguladores:

Em 22/06/2020, a OCC (Office of the Comptroller of The Currency), um dos principais órgãos reguladores e supervisores dos EUA, passaram a permitir que Bancos oferecessem serviços de custódia de criptomoedas ao mercado;

Em 21/09/2020, a OCC também passou a permitir que Bancos Nacionais e Poupanças Federais mantivessem reservas em nome dos clientes em Stablecoins (criptomoedas atreladas a uma moeda ou ativo da economia real).

  • Bancos:

Em 12/05/2020, o JP Morgan, um dos maiores bancos dos EUA, passou a aceitar como clientes umas das maiores Exchanges de Criptomoedas do mundo, como a Coinbase e a Gemini;

Em 27/10/2020, o maior Banco da Singapura, DBS, anunciou seus planos de lançar sua própria Exchange de criptomoedas;

Em 19/06/2020, Kraken, uma Exchange de Criptomoeda, se tornou a primeira instituição bancária dos EUA atuando no mercado de criptoativos.

  • Investidores Institucionais e Empresas Públicas:

Em 11/05/2020, o fundo de investimento macro do bilionário Paul Tudor Jones, anunciou alocação de 1% em Bitcoin;

Em 09/12/2020, a Fidelity Digital Investments, empresa norte americana, anunciou que aceitará Bitcoin como garantia para operações de crédito;

Em 10/12/2020, a gigante de seguros MassMutual investe US$ 100.000.000,00 em Bitcoin;

Em uma conclusão bastante superficial acerca dos fatos apontados, é notório o efeito transformacional que esse mercado vem vivendo e as grandes possibilidades que o cerca, contudo é importante nos aprofundarmos de maneira mais intensa nos reais fundamentos que nos levarão a adentrar nesse meio de investimentos, visto que a história recente mostra que essa é uma “viagem” com muitas emoções pelo caminho.

A você, desejo sucesso nos investimentos.

2 mar 2021, às 15h36.
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