Liberdade Financeira

por Lukas Rique

Com mais de 40 mil membros em grupo organizado de investidores, a IRB Brasil, empresa brasileira de resseguros e maior resseguradora da América Latina, vem fazendo história no mercado, consequência de acontecimentos relevantes em torno da companhia.

O grupo acima mencionado surgiu com o intuito de gerar um movimento organizado visando potencializar a alta das ações, o que pode ser visto como uma manipulação de mercado, contudo na prática não caracteriza tal fato, pois não existe uma recomendação expressa de compra das ações, compra quem quer e realmente acredita no ativo.

Por trás de todo esse cenário estão alguns pontos relevantes:

  • A desvalorização de mais de 80,0% do ativo entre 2020 e 2021;
  • Polêmicas envolvendo a governança da companhia, com manipulação de resultados e informações irreais divulgadas ao mercado;
  • E por último, eventual manipulação de preços através de grandes corretoras e fundos de investimentos.

Sobre esse último tópico que eu gostaria de explorar um pouco mais:

Ficou comprovado que algumas corretoras sem autorização dos investidores realizaram a locação das suas ações no mercado, ou seja, as colocaram à venda por meio da disponibilização das ações para aluguel.

Conforme relato abaixo do próprio grupo de investidores citado:

Foram constatadas ações de locação sem a autorização do investidor em diversas corretoras, em especial na BTG e na Clear.

Esse movimento força o preço das ações para baixo havendo uma desvalorização ainda mais acentuada nos papéis, favorecendo assim as posições vendidas dos grandes fundos de investimento, potencializando seus ganhos conforme os preços vão caindo.

Porém esse grupo organizado de investidores, ao entender que esse movimento estava de fato sendo manipulado, começaram a se organizar em torno da compra das ações para que houvesse um movimento de alta nas cotações.

O último grande movimento organizado desses investidores gerou uma valorização de mais de 17% no dia 28 de janeiro de 2021:

Porém, como podemos perceber no mesmo gráfico acima, toda a alta originada pelo movimento dos investidores pessoa física, foi revertida nos dias seguintes, visto que esse movimento começou a preocupar os grandes fundos de investimento pois poderia gerar perdas astronômicas aos mesmos, visto que uma operação de “venda descoberta” não possui um limite de perdas, podem ser infinitas.

Logo que isso foi observado, houveram diversas ações da B3 intervindo nas negociações do ativo, durante vários pregões e por um tempo relativamente grande, o ativo entrou em “leilão”, ou seja, o investidor ficou impedido de realizar qualquer negociação, o que acabou gerando um enfraquecimento nesse movimento organizado de compra e dando tempo suficiente para que esses grandes fundos de investimentos se organizassem para remontar as suas posições.

O que fica evidenciado com esses acontecimentos é que sim, existem algumas manipulações no nosso mercado, justamente pelo fato de nossa bolsa de valores ainda apresentar um volume de negociação de baixa expressão comparado a outras bolsas do mundo.

A reflexão que fica é: os preços dos ativos podem ser negociados de maneira artificial? Os órgãos fiscalizadores de fato protegem os interesses dos investidores ou somente dos “donos do poder”?

A HISTÓRIA SE REPETE

Um movimento parecido com o que ocorreu com as ações da IRB Brasil (IRBR3), também ocorreu nos Estados Unidos com as ações da empresa Game Stop (GME) que apresentou forte valorização através de um movimento organizado de investidores agindo no papel, desmontando grandes posições vendidas também de investidores institucionais:

O ativo chegou a se valorizar por volta de 2000% somente em 2021, vindo a corrigir seu movimento totalmente na sequência.

A reflexão em torno desses acontecimentos tanto no Brasil quanto no exterior nos leva a pensar: qual é o real nível de livre negociação que temos em torno do nosso próprio capital? Vimos com esses dois exemplos que muitas vezes os preços que os ativos são negociados podem estar sendo apresentados de maneira artificial, e além disso, em casos ainda piores, você pode ficar impedido de negociá-los devido a alguma intervenção, como foi que aconteceu com a IRBR3.

THE BIG RESET

Esse movimento no final das contas gera um aquecimento de ativos com características de descentralização ou até mesmo conhecidos como reserva de valor, que são as criptomoedas e metais em geral como a prata, alumínio, cobre e até mesmo o ouro, que em linhas gerais, todos esses ativos vem apresentando expressiva valorização do ano de 2021:

O mesmo também se repete com as Criptomoedas, que em 2021 vêm renovando suas máximas históricas e, no caso do BITCOIN, sendo adotadas como meios de pagamento e reserva de capital para grandes empresas. Abaixo uma cesta com as 8 maiores criptomoedas do mercado em valor de capitalização e suas respectivas valorizações em 2021 e num espaço de 1 ano:

Estamos diante de um chamado “BIG RESET”? Será que o sistema está prestes a passar por uma grande mudança estrutural? Será que os ativos de valor que nós conhecemos hoje como ações, moedas, etc perderão seu valor ao longo do tempo?

Já há muitos anos atrás, J.P Morgan, fundador do Banco J.P Morgan, um dos maiores bancos dos Estados Unidos, disse numa célere frase: “Gold Is Money, Everything Else Is Credit”. Resta acompanharmos de perto essa questão para confirmar se isso se provará uma verdade.

18 fev 2021, às 10h42. Atualizado às 11h00.
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