Para-raios de R$ 1 milhão da gestão Gobbi geram divergências no Corinthians

Mário Gobbi Filho, candidato à presidência do Corinthians em eleição agendada para este sábado, contratou uma empresa, em abril de 2014, durante seu mandato, para realizar uma reforma completa dos sistemas de proteção contra descargas atmosféricas no Parque São Jorge ao custo de R$ 1,33 milhão.

Porém, em junho de 2016, o então presidente Roberto de Andrade contratou uma nova empresa especializada para realizar o mesmo serviço. Neste caso, a despesa foi menor, de R$ 382,7 mil.

A Gazeta Esportiva tomou posse de cópia dos documentos citados acima.

Procurado, Roberto de Andrade afirmou que precisou fazer a manutenção às pressas.

“Eu não sei te dizer se as pessoas estavam seguras (no Parque São Jorge) nesse período e nem o motivo da obra paga pelo Mário não ter sido feita como deveria. Eu simplesmente tomei conhecimento de que o para-raio não estava funcionando e de que o trabalho precisava ser feito. Contratei uma empresa e eles arrumaram tudo. O que eles pagaram, por que pagaram, por que não foi feito, eu não sei. Aí tem que ver com ele”.

Mário Gobbi se posicionou por meio de nota oficial enviada à Gazeta via assessoria de imprensa da chapa Reconstrução.

“Sendo esse um sistema de proteção obrigatório para segurança dos sócios e dos colaboradores do clube social, ainda mais numa área com um dos maiores parques aquáticos da Capital e repleto de árvores, todo o sistema de para-raios precisou ser refeito. Desconheço a necessidade de serviço posterior, e ressalto que todas as contas foram aprovadas em todos os órgãos do clube, diferentemente das contas do último ano, que vêm sendo constantemente postergadas”.

A reportagem também ouviu Eduardo Caggiano, que foi nomeado diretor administrativo assim que Roberto de Andrade assumiu a presidência, em fevereiro de 2015.

“Quando eu assumi, em 2015, a primeira coisa que fiz foi ver o que precisa. Então, saí olhando para-raio, hidrante, luz de emergência, extintores, e nada disso estava regular. Em 2016 fizemos essa obra, porque não identificamos esse serviço como realizado”.

Caggiano disse ainda que a empresa que recebeu mais de R$ 1 milhão pelo serviço  “não foi encontrada” e, por isso, o clube buscou uma nova companhia.

“Eu sei o que estou falando, trabalho com isso há 18 anos. Isso não se troca em dois anos, ainda mais uma obra a este custo. Tanto é que o serviço de 2016, muito mais barato, está válido até hoje, em 2020. É só olhar que não se gastou com isso nos últimos anos, e a legislação pública não mudou”, completou.

Roberto de Andrade foi diretor de futebol na gestão de Mário Gobbi e sucedeu o delegado de polícia na presidência justamente com o apoio do atual candidato.

Em 2014, último ano do mandato de Mário Gobbi e época da contratação do serviço em questão, o Corinthians registrou em seu balancete financeiro o valor de R$ 49.868 milhões com despesas operacionais do clube social e esportes amadores. A quantia foi a maior da gestão de Gobbi, iniciada em fevereiro de 2012, e R$ 8.151 milhões (19.538%) superior a 2011.

27 nov 2020, às 20h38. Atualizado às 23h45.
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