Campeão da Copa do Brasil pelo Palmeiras em 2015, o zagueiro Nathan foi se aventurar no futebol europeu. Entretanto, chegou no Campeonato Suíço, que embora esteja perto geograficamente das maiores potências do esporte, ainda não é considerado como uma delas. Em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva, o jogador contou como foi esta chegada ao Velho Continente.

“Foi muito bom. A gente sempre tem uma expectativa muito grande quando é um jogador do Brasil e está indo na Europa. Mas você vislumbra muitas coisas que na verdade não são. Todo mundo acha que é mil maravilhas, que vai ser tudo muito fácil. E eu tive que ralar muito aqui. Tive que me adaptar à língua, sendo que não dominava nem o inglês ainda. E tive que me virar sozinho, eu e minha esposa. Mas fui me virando e graças a Deus deu tudo certo”.

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A primeira temporada no novo país foi de sucesso. Chegou para disputar a segunda divisão, pelo Servette. Logo se destacou, e foi para o Grasshoppers, na elite do futebol suíço. Entretanto, conviveu com algumas lesões, tendo feito apenas sete jogos por lá. A temporada 2019/2020 foi de recuperação e, acima de tudo superação, agora pelo FC Zurich.

“O primeiro ano na Suíça foi muito bom. Joguei 29 jogos de 36, todos como titular. Consegui fazer um contrato melhor, num time da primeira divisão, só que tive duas lesões que não me deixaram jogar. No ano passado fui com outra mentalidade, de retomada mesmo. Tive uma nova oportunidade no Zurich, eles me deram essa oportunidade mesmo com as lesões no joelho. E aí mais uma temporada boa, joguei praticamente todos os jogos, me destacando Aí no final eles fazem uma enquete de escolher os melhores 11 do campeonato e eu fui escolhido”. 

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Já completamente adaptado ao futebol da Suíça, Nathan pode falar com propriedade sobre as diferenças entre o nível do esporte no Brasil e no país europeu. Apesar de não tão conhecida, a Liga tem times fortes, e vem ganhando cada vez mais destaque. Para o ex-palmeirense, a grande diferença é em relação à disciplina tática.

“É totalmente diferente. No Brasil é outra característica de jogo. Aqui eles têm muita disciplina tática, coisa que nunca ouvi falar no Brasil. E pegam no seu pé todo dia. Disciplina tática, e não técnica. No futebol brasileiro o jogador se destaca muito pela técnica, mas aqui é diferente. Tem que trabalhar para o grupo. O Campeonato tem crescido muito. Quando cheguei nunca tinha ouvido falar muito dos clubes suíços, só que vem evoluindo. De uns três anos para cá o Basel, Young Boys, todo ano têm ido para a Europa League, Champions. E têm chegado nesses campeonatos, que é o objetivo”. 

Em seu segundo ano pelo Zurich e quarto na Europa, o zagueiro já se considera em casa. O país, entretanto, tem normas, maneiras e costumes muito diferentes, até quando comparados com o restante do continente. A tranquilidade e segurança são as principais qualidades vistas pelo jogador, que aproveita as características locais para aproveitar com a família, que aumentou há pouco mais de dois meses.

“Eu tive minha filha aqui, me sinto em casa. Mas não tem como não se sentir. É um país totalmente diferente dos outros. A Suíça é uma bolha. A moeda é diferente, eles têm uma maneira diferente de governar. É fora do comum. O principal de tudo é organização e segurança. Desde que estou aqui eu não vi nenhum assalto, coisas que  a gente vê no Brasil diariamente. É algo que te conforta”. 

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Quando perguntados sobre o desejo de voltar ao Brasil, muitos jogadores dizem não ter vontade justamente pela vida tranquila que encontram no exterior. Não é o caso de Nathan. Muito identificado com o Palmeiras, o atleta garante que quer retornar para sua casa um dia, mesmo que não seja para defender o alviverde. Mas quer sentir novamente a emoção que, segundo ele, só o futebol brasileiro tem.

“Eu tenho. Tive algumas propostas nesse meio de temporada. E a gente pensa, principalmente tendo uma filha, você começa a pensar no custo-benefício. Tenho muita vontade de voltar para o Brasil, mas também tenho muita vontade de evoluir aqui na Europa. Ano após ano tenho me sentido melhor e visto que posso chegar em grandes lugares. Mas não tem como, eu sou brasileiro. Acho que todo mundo quer voltar para casa. E o futebol brasileiro não tem igual em termos de paixão. Quando a torcida do Palmeiras gritava meu nome, isso te faz querer sentir essa emoção de novo. Não tem preço”.

18 nov 2020, às 07h00. Atualizado às 08h15.
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