Após receber alta do hospital, o técnico Cuca relatou a sua experiência com a covid-19, abordando desde o momento de sua internação até as dificuldades de comandar o Santos à distância.

Em entrevista à Placar, o treinador relembrou que tudo teve início com uma indisposição em um dia de treino, quando o Peixe encerrava a preparação para enfrentar o Red Bull Bragantino, pela 20ª rodada do Brasileirão.

“Meu coração disparou e não parava mais. Por sorte, fui para o hospital porque se insisto, e já estava com as malas prontas para viajar, podia não ter aguentado. O coração batia mais de 140 vezes por minuto”, afirmou.

Se eu tivesse insistido, do jeito que estava, ia morrer. O médico do Santos, o doutor Fabio (Novi) salvou a minha vida. É um cara que já tratou de um câncer, mas que me pôs para dentro do carro dele segundo nele, só em mim. Ele me ajudou muito, virou como um irmão”, explicou o técnico santista.

Cuca ainda relatou como era sua rotina, incluindo as experiências de acompanhar o Peixe à distância.

“No hospital é muito duro ficar sozinho. Se eu falar que li um livro, vou estar mentindo. Eu dormia muito. Todos os dias a comissão me contava como foi o trabalho, o que tinham feito. A gente discutia , mas não de modo normal, dentro do possível, pois também estava abatido. Todas as trocas, as substituições, foram feitas comigo. Dia de jogo fico muito nervoso, as vezes não atendiam o telefone ou não entendiam. Já em casa, contra a LDU, em Quito, trocaram o Jean Mota antes do tempo, fiquei doido”, relembrou.

Sobre o período de sua internação, o comandante do Santos afirmou que não sentiu medo e aproveitou para se aproximar dos profissionais do hospital.

“A família estava muito preocupada. Eles tinham medo que eu morresse, isso é normal porque não estão no dia a dia comigo. No hospital não senti esse medo, usei a fé. Não vou dizer que estava preparado, claro, mas não senti mesmo. Criei novas amizades no período, com as enfermeiras, os médicos. Valorizamos ainda mais esses profissionais”

A preocupação dos familiares não se limitou à saúde de Cuca. Outras pessoas próximas contraíram a covid-19, incluindo o sogro do treinador, Augusto, que faleceu aos 81 anos em decorrência da doença.

“Foi um baque grande, a minha esposa ainda está arrasada. Ele foi para o hospital com uma febre, era um senhor inteiro que subia até no telhado. Ficamos com uma sensação de culpa, também. É horrível”, lamentou.

Passadas as experiências negativas, Cuca tenta voltar a se concentrar no trabalho com o Santos. O técnico, inclusive, revelou seu objetivo no clube.

“Não faço mais grandes planos. Quero ser campeão da Libertadores, isso quero muito e vou dar a vida para isso. Eu acho que se parar adoeço de vez. Estou a vida inteira nisso, é muito difícil. A família cobra, ainda mais depois do que aconteceu, mas vou seguir por enquanto”, concluiu.

3 dez 2020, às 13h37. Atualizado às 14h13.
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