O setor de esportes foi bastante afetado por causa da pandemia do coronavírus. No futebol clubes tiveram as competições suspensas e por algum tempo não puderam realizar os treinamentos. Porém, além das equipes, os árbitros também foram afetados com as paralisações.

O período sem competições faz com que os árbitros percam condicionamento físico e o chamado “ritmo de jogo”, que é aquela confiança adquirida durante os jogos e que faz com que os profissionais tenham segurança nas decisões tomadas durante as partidas.

Para não deixar os profissionais sem o suporte, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) preparou uma pré-temporada on-line para manter a parte teórica ativa. Entretanto, dos aproximadamente 250 árbitros que compõem o quadro paranaense apenas 21 fazem parte da CBF e teriam o treinamento. Para atender a todos, a Comissão de Arbitragem do Paraná resolveu estender as atividades para todo o quadro estadual.

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Árbitros relatam preparação

A parte física também precisa de um cuidado especial durante a pandemia. Com os decretos municipais, algumas cidades do estado tiveram restrições as academias e a única alternativa foi os treinos em casa.

O árbitro Paulo Roberto Alves Júnior, que atualmente mora em Maringá, mantém os treinamentos desde a paralisação dos jogos, no dia 15 de março. No início da quarentena as academias da cidade foram fechadas e Paulo Roberto teve que improvisar os treinos em casa. Na sequência o árbitro passou a praticar corrida nas ruas e atualmente nas academias que voltaram a funcionar.

“Difícil essa paralisação do futebol, mais de 90 dias sem atuar, sem dúvida a gente perde o ritmo, mas o treinamento foi contínuo durante a pandemia. Quando ficou tudo parado, as academias fechadas, eu treinava em casa, depois comecei a correr na rua com os devidos cuidados e agora aqui em Maringá já voltaram as academias e nós podemos treinar com personal”, contou Paulo.

O árbitro que faz parte do quadro da CBF, aproveitou os programas oferecidos pela entidade para se manter atualizado sobre as regras e a parte teórica ativa, assim como a prática. Confira um pouco da nova rotina do profissional de arbitragem:

O árbitro José Mendonça, que fora dos campos trabalha com atividades físicas, revelou que aproveitou a pausa dos campeonatos para assistir jogos que ele apitou. Como uma maneira de corrigir posicionamento, revisar as regras e analisar o desempenho, o curitibano destacou que mantém os treinos em dia.

“O momento está sendo difícil porque temos muita saudade dos jogos. Eu completei mais de cem dias que apitei meu último jogo, aquele Atletiba sem torcida, no Couto Pereira, no dia 15 de março. A gente se mantém treinando fisicamente, estudando regra. Eu aproveitei para assistir vários jogos meus durante a pandemia, para analisar o trabalho. A CBF também disponibilizou um treinamento digital, mas estamos aí nos preparando porque uma hora vai voltar”, contou Mendonça, que faz parte do quadro da CBF.

Durante esta paralisação, os árbitros que compõem o quadro da CBF receberam um benefício em dinheiro para ajudar na renda. Entretanto, apenas 10% dos profissionais do Paraná foram contemplados pelo auxílio. Os árbitros e assistentes que pertencem somente ao quadro estadual não tiveram nenhuma ajuda de custo neste período.

Um destes profissionais é Alter José Ragadalli, da cidade de Capitão Leônidas Marques. O árbitro que trabalha na prefeitura do município revelou que este período sem jogos atrapalha principalmente no ritmo de jogo. Além disso, a taxa dos jogos contribuia como uma renda extra.

“Sempre afeta, mas eu não tinha como principal a renda da arbitragem. Eu trabalho como instrutor de esportes na prefeitura de Capitão Leônidas Marques, mas ajudava muito, era um complemento muito bom. Em termos de preparação falta ritmo de jogo, não é a mesma coisa quando tinha os jogos. Porque além dos jogos da Federação, nós temos outras competições que atuamos e mantínhamos o ritmo de jogo. Todo final de semana estávamos atuando, ou no campeonato paranaense ou em jogos amadores”, destacou Alter, que mantém os treinos físicos com Muay thai, Bike e musculação.

arbitro parana
Alter trabalhou em quatro jogos do Campeonato Paranaense neste ano (FOTO: GUSTAVO OLIVEIRA/ LEC)

APAF comenta sobre retorno das competições

No dia 26 de junho, a Federação Paranaense de Futebol (FPF) realizou uma reunião por videoconferências com as oito equipes que estão classificadas para a fase final do Campeonato Paranaense. Na época foi destacado a possibilidade de retorno da competição estadual até o dia 15 de julho, em conformidade com o Governo do Estado. Entretanto, poucos dias após o encontro algumas cidades tiveram o decreto de uma quarentena mais restritiva e equipes foram proibidas de manter os treinamentos.

Diante do cenário não é possível afirmar sobre o retorno da competição estadual. A Associação Profissional dos Árbitros de Futebol do Paraná (APAF) destacou que a associação e os profissionais estão bastante motivados para o retorno, porém, também possuem a consciência que a segurança é prioridade neste momento.

“Estamos muito ansiosos para o reinício do campeonato e torcendo por isso. Mas temos que respeitar primeiramente as orientações da secretaria de saúde do estado, uma vez que mais importante que o campeonato são as vidas das pessoas, inclusive dos atletas, árbitros e todo mundo que está envolvido. A gente torce para que volte o mais rápido possível e espero que aconteça de uma forma que ofereça o mínimo de risco possível para as pessoas envolvidas”, declarou Eli Marini, presidente APAF.

Procurada pela equipe de reportagem do RIC Mais, a Comissão de Arbitragem não atendeu ao contato.

8 jul 2020, às 16h44. Atualizado em: 29 jun 2023 às 13h05.
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