por Aline Cristina
Cidade Alerta Oeste

Em matéria exclusiva, a equipe do Cidade Alerta Oeste, teve acesso a informações detalhadas sobre o desaparecimento de Edna Storari. A empresária rondonense não foi mais vista desde o dia 21 de setembro de 2021. Para a polícia, ela está morta. Mas, onde está o corpo? Para a polícia, ela está morta.

O desaparecimento aconteceu na cidade de Marechal Cândido Rondon, que fica a cerca de 80 quilômetros de Cascavel, no Oeste do Paraná. O sumiço da empresária, de 56 anos, assustou os moradores da pequena cidade do interior do Paraná, que  tem pouco mais de 50 mil habitantes. 

O principal suspeito do desaparecimento de Edna, o empresário e companheiro dela,  Luis Rissato, de 60 anos, foi detido pela polícia na residência do casal no dia 7 de outubro.

“Representamos uma prisão temporária, que era para continuidade das investigações.”

Rodrigo Baptista – Delegado

Além dele, no dia 03 deste mês, o filho, a filha e o genro de Luis foram presos. Os três tiveram a prisão decretada pela justiça após perícia feita pela Criminalística do Paraná em celulares da família Rissato.

O filho é suspeito de ajudar a arquitetar o assassinato da madrasta e ocultar o corpo. Já a filha e o genro são suspeitos de participação no crime e de apagarem provas. Depois de julgados, os réus podem responder por feminicídio, ocultação de cadáver e fraude processual.

Sumiço 

Uma das filhas da empresária recebeu uma mensagem pelo celular. O recado, supostamente da mãe, causou estranheza. Ela relatava sobre uma viagem misteriosa e um detalhe chamou a atenção; o nome da irmã, escrito errado.

O desaparecimento da mulher só foi registrado no dia 27 de setembro, quando as filhas do primeiro casamento da empresária procuraram a delegacia para relatar que a mãe estava desaparecida e que o padrasto não havia feito a comunicação do ocorrido.

À polícia, o companheiro apresentou a versão, apontada também pela filha da mulher, de que a vítima teria viajado para o Paraguai com um casal de amigos missionários.

Com o início da investigação, surgiram as primeiras evidências de que a história apresentada pelo marido de Edna não era verdadeira, já que as roupas dela, assim como as maquiagens e joias estavam todas no lugar. Nada teria sido levado para a viagem.

Investigação

Durante as investigações, a polícia descobriu que nos dias seguintes ao desaparecimento da empresária rondonense, Luis começou a corrida para eliminar provas. Todos os vizinhos foram visitados pelo homem e os relatos são parecidos: ele queria apagar qualquer imagem de câmera de segurança. A desculpa: estava sendo ameaçado por isso.

A estratégia do empresário causou pânico nos moradores. Em uma das imagens, Luis aparece entrando na casa de um vizinho, procurando câmeras. Já em outro registro por câmeras de segurança, ele aborda uma moradora na rua e o pedido é o mesmo: precisa que imagens de câmera de segurança sejam excluídas.

Imagens de câmeras de vizinhos, que não apagaram os registros após o pedido do empresário, mostram que os horários indicados por Luis, em depoimento, não são verdadeiros.

Nos dias que ela deveria aparecer na imagem saindo de casa para a viagem misteriosa, conforme a versão do marido, apenas existe a movimentação de entrada e saída das vans da empresa, conduzidas por Luiz e o filho dele, enteado de Edna.

A casa da família passou por perícia com luminol para encontrar vestígios da morte de Edna. O trabalho apresentou marcas de sangue em um dos veículos e no quarto do casal.

“ Nos acreditamos que próximo às 11 horas da manhã a Edna já estava morta. Então provavelmente esse fato se deu das 9h30 às 10h30 do dia 20. Em relação ao paradeiro do corpo, no dia 21, uma mensagem pela manhã, do companheiro, solicitando ao filho que chegasse mais cedo, para colocar o ‘negócio’ dentro da van, nós acreditamos que infelizmente seja o corpo. Logo depois ele relata para deixar pronto para noite, que é o momento que a gente acredita que seja o momento que esse corpo tenha saído da residência”.

Pedro de Oliveira, ex-delegado, especialista em segurança pública, explica a complexidade da investigação em um caso de homicídio, sem réu confesso e sem a descoberta do corpo.

“ Para pedir uma prisão preventiva e para poder afirmar que existe uma morte, você tem que ter indícios. Não havendo esses indícios, o tempo vai passando e vai ficando dessa forma. Notadamente o crime de homicídio, dos crimes em si, quanto mais tempo você se afasta da ocorrência, mas difícil se torna a investigação.”

Pedro de Oliveira, ex-delegado

A defesa de Luis não se pronuncia sobre o caso, apenas declara que segue na tese que Edna está desaparecida e não morta.

Vida a dois

Edna e Luis estavam juntos há oito anos, tinham uma empresa com vans e ônibus e faziam principalmente, o transporte de trabalhadores para agroindústrias da região. Quem conhecia o casal diz que ele nunca levantou suspeita sobre brigas ou violência. Mas, dentro de casa, a história era outra

Em um dos áudios recuperados pela polícia, a empresária relata as traições seguidas do marido

“Não é de hoje, é de anos fazendo essas coisas escondidas. Vira e mexe eu descubro umas coisinhas, sites pornográficos e esses amorosos. E sempre ele falava assim; você não tem provas.”

reprodução áudio celular Edna

Investigadores descobriram que Luis não queria o divórcio por medo de perder os bens e a empresa. Em conversas de celular, Edna comentava sobre isso.

“Vendi minha casa lá e vim pra cá. comprei aqui. ele não tinha nem nome. tinha dívidas demais… o comportamento dele já me diz. a hora que eu falar não… eu já falei não e ele está achando que vai ser sim, como foi das outras vezes. Ele está achando que vou perdoar como das outras vezes. só que agora é não. não quero mais!”

reprodução áudio celular Edna

Além de serem donos da empresa, Edna e Luis também dirigiam os veículos.  Após o desaparecimento de Edna, Luiis contou à polícia que o filho passou a auxiliar o pai para realizar o transporte, e que os dois revezavam.

O processo do caso agora no Paraná segue pelo mesmo caminho de outro de grande repercussão no país, o da modelo Eliza Samudio. O corpo da jovem nunca foi encontrado. O goleiro bruno foi apontado como mandante do crime. muitas foram as versões, mas de fato, nunca houve resposta sobre a causa da morte e o que aconteceu com o corpo dela.

“Há histórias, contudo sem indícios não há informações sobre o paradeiro deste corpo.”

reprodução áudio celular Edna

Todos os envolvidos negam as acusações.

Uma empresária desaparecida há quase três meses. Para a família, um mistério. Para os suspeitos, uma injustiça. Para a polícia, um homicídio sem corpo. O Paraná se pergunta: onde está Edna?

“A família espera que a conclusão deste inquérito seja favorável ao interesse delas. Nós esperamos que a polícia consiga resolver esse caso”

Advogado das filhas – Luiz Carlos Trodoforte

9 dez 2021, às 18h48. Atualizado em: 14 dez 2021 às 15h55.
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