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por Gislene Bastos

“Sou errada, sou errante. Sempre na estrada, sempre distante.”Os versos de George Israel e Paula Toller Amora na música Nada Sei (ou Apnéia), sucesso do Kid Abelha, traduz o sentimento que toma conta de muita gente (eu!) quando pega a estrada a trabalho ou lazer.

Ir é muito melhor que chegar

Gosto de dirigir, especialmente sozinha, mas confesso que curto muito mais qualquer passeio quando estou no banco do passageiro. As viagens de ônibus ou trem são ideais nesse sentido. Mas, convenhamos, quando a pandemia de Covid-19 aliviar um pouco, e o coronavírus der uma trégua, a maioria de nós, muito provavelmente, vai preferir roteiros que possam ser feitos de carro.

Minha sugestão é que você aproveite as horas de luz natural quando puder pegar a estrada. Não há nada melhor que ir olhando para um lado e outro e descobrindo de verdade o caminho. Mesmo que seja um trajeto conhecido, aposto que você vai notar alguma novidade.

Na estrada a gente aprende a “ver”

Há anos “vivo” na estrada. Seja por causa de alguma reportagem; seja para visitar a família, sempre distante. E garanto: é muito bom ter uma rota pela frente. Mesmo que vez ou outra surjam filas, os inevitáveis congestionamentos. 

Trecho da BR-376, ponto conhecido como a Serra de Curitiba, e que em períodos “normais” registra filas mesmo com duplicação. Foto Gislene Bastos

 Costumo dizer que não há mais horário de pico nas rodovias. Manhã, tarde, noite, madrugada… Você sempre vai conviver com outros carros na pista. Por que entrão abrir mão da segurança do dia claro, da curtição visual de um passeio durante o dia?

BR-376 exige atenção e olhar atento

Quem está em Curitiba ou vem de regiões mais ao norte, e tem como destino o litoral catarinense, provavelmente vai passar pela Serra de Curitiba, na BR-376. Faça chuva ou sol, o trecho é perigoso e exige atenção do motorista.

A estrada corta uma cadeia de montanhas, margeando vales.  Aproveite e parenos pontos onde há recuo na pista. Gosto muito da região de cima da Serra onde as araucárias ainda estão presentes.

Em dias de neblina tudo fica fosco. Com um pouco de criatividade pode-se até experimentar a sensação de como seria conviver com o Conde Drácula na Transilvânia!

Fantasmas à parte, em dias de céu aberto o lugar exibe cores exuberantes. A variação dos tons de verde desafia qualquer fotógrafo amador. 

Mata Atlática preservada em trechos da Serra de Curitiba. Foto Gislene Bastos

Igrejinha dos tropeiros?

Numa dessas paradas descobri um tesouro. Digo isso porque a capelinha de pedra à direita da estrada para quem segue no sentido sul (Paraná- Santa Catarina) parece não se revelar a qualquer um, nem em todo momento.

Houve uma época em que passava por ali duas, quatro vezes por semana! Mas só em algumas viagens percebia a construção. É aquela coisa, perde-se o ponto facilmente. Se você tiver a sorte de ver a capelinha, pare e a visite.

Igrejinha na margem da BR-376, área rural de São José dos Pinhais/PR. Foto Gislene Bastos

Ela é antiga. Percebe-se pelas características. Mas, da vez que busquei mais informações ninguém soube dizer com certeza a data de construção. Tem morador que garate que ela foi erguida pelos tropeiros. Seria, portanto, uma herança do caminho Viamão/RS – Sorocaba/SP e das conduções de gado e mantimentos, ainda no período colonial do Brasil. Verdade ou não, vale a parada!

E você sabe algo sobre essa igrejinha? Data de construção ou outra curiosidade. Vou adorar saber e compartilhar por aqui. Entre em contato comigo pelo Instagram ou deixe um comentário em qualquer vídeo no canal do YouTube 😉

7 ago 2020, às 17h24. Atualizado às 10h12.
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