+Viagens

por Gislene Bastos

Um lugar prosaico. Comum. Ou, nem tanto. A atmosfera de naturalidade à beira mar desaparece assim que atravessamos o portão colonial e avistamos o primeiro canhão do Exército. Avançamos de carro pela estrada ladeada de casas brancas e azuis. Logo vem uma ladeira. E no final de um percurso de quase 1,8 km, já no alto da elevação de aproximadamente 140 metros acima do nível mar, podemos realmente nos sentir num ambiente militar. O Forte é escavado no morro. E o olhar fica livre para passear agora pela paisagem ao sabor da brisa. Estamos no Forte Marechal Luz, também conhecido nesses últimos meses como o Forte de Bolsonaro.

O Forte Marechal Luz fica numa das cidades mais antigas do país, São Francisco do Sul, no litoral norte de Santa Catarina. E é mesmo uma fortaleza. De beleza, principalmente. Conheci o local tem quase duas décadas! E ao longo dos anos, pouca coisa mudou.

O Forte de Bolsonaro 

Depois de uma primeira visita, em dezembro do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro voltou com a sua comitiva agora em fevereiro. Vem passar os dias de Carnaval, segundo informações de assessores, com a família. Da outra vez, só o filho Carlos o acompanhou. Naquele momento a passagem pelo Estado teve uma atmosfera de lazer e também de trabalho, com muitas reuniões políticas visando as eleições de 2022. 

O forte de Bolsonaro fica em Santa Catarina
Foto: 5ª Região Militar, Divulgação

Agora, não. Bolsonaro estaria disposto a aproveitar a folga desfrutando da segurança militar, mas também podendo incluir passeios pela cidade histórica, conversas e cumprimentos aos simpatizantes que sempre aparecem. E, principalmente, praticar a pesca esportiva na Baía da Babitonga, atividade na qual não teve muito sucesso ainda. 

O Forte de Bolsonaro e de qualquer brasileiro

Mas, o que faz o Forte Marechal Luz tão perfeito para o descanso e o lazer presidencial? Vamos lá! Primeiro de tudo, estamos dentro de um espaço seguro, guarnecido 24 horas pelas Forças Armadas, por meio da 5ª Divisão do Exército Brasileiro. O lugar é relativamente isolado, sem ser afastado. O ambiente de colônia de férias militar oferece tranquilidade para deslocamentos da família, favorecendo também o corpo a corpo com a população, seja na Praia do Forte, em frente às construções, ou no centro da cidade.

Temos ainda a facilidade de acesso ao mar pelas águas tranquilas que banham a praia. As águas da Babitonga também são famosas Brasil afora por causa da diversidade e quantidade de peixes. Trata-se de um berçário e viveiro para muitas espécies. Outros fatores talvez não sejam tão relevantes a um presidente interessado em pescar dentro de uma embarcação, utilizando isca viva, mas não podemos esquecer… Falo da beleza da vista para a baía e o Arquipélago da Graça, a preservação histórica e cultural estampada no casario, armamento e museu.

Atrativos ao alcance do visitante comum

Estamos numa construção de 1909. Visitar essas instalações é conhecer e relembrar detalhes da história nacional do século passado. No horizonte, a entrada da Baía da Babitonga nos conta sobre o objetivo da construção à época: guarnecer o porto de São Francisco do Sul, importante ponto comercial desde o Brasil Colônia. A primeira bateria de artilharia foi instalada no alto do morro ainda no início do século XVIII, por militares portugueses que temiam invasões estrangeiras, especialmente espanhóis, ingleses e franceses.

Foto: 5ª Região Militar, Divulgação

Ainda hoje estão no pátio os quatro canhões datados de 1893, comprados do Reino Unido e provenientes do Cruzador Benjamin Constant, da Marinha do Brasil. Se você entende de armas, é interessante saber que dois dos canhões são de 120 mm e os outros dois de 152,4 mm, o que determina a força de disparo e o alcance dos projéteis. Mas essas armas nunca chegaram a ser usadas em operações de ataque ou combate. Apenas em atividades de adestramento da tropa, nos exercícios de tiro com uso de alvos móveis no mar. 

O forte foi inaugurado em 21 de dezembro de 1915, em meio a Primeira Guerra Mundial, e desativado em definitivo em 1977. O nome é uma homenagem ao Marechal Francisco Carlos da Luz, militar e político catarinense que morreu em 1906, e se notabilizou durante a época imperial e o início da República. O antigo paiol e as casamatas agora abrigam o museu onde estão preservados os documentos que contam a história do Forte. Há também objetos de uso do Exército, como amostras da munição que era utilizada nos canhões, alguns corretores de alcance e prancheta de tiros.

Desde a década de 1990, o lugar funciona como colônia de férias, com 45 casas e apartamentos disponíveis para hospedagem de militares. Antigamente, serviam de alojamento para o destacamento. O preço da diária varia entre R$ 40 e R$ 195, dependendo do posto ou graduação militar e da época do ano.

A fortificação é aberta aos visitantes o ano todo, de segunda a domingo, das 08h30 às 11h30 e das 13h às 17h. Mas o melhor momento para um passeio bem autêntico é mesmo o sábado pela manhã. A cerimônia de troca da Bandeira Nacional começa às 08h em ponto e é feita com a guarnição de serviço em uniformes de época e disparo de uma salva de canhão. Para acompanhar, é necessário agendar a visita com antecedência, com o Departamento de Comunicação Social da unidade. A entrada custa R$ 5 por pessoa. O telefone para saber mais é o (47) 3442-3746

11 fev 2021, às 18h53. Atualizado em: 15 fev 2021 às 14h48.
Mostrar próximo post
Carregando