CANNES, França (Reuters) – O diretor por trás de “Lingui”, um participante do Festival de Cinema de Cannes sobre a luta de uma adolescente no Chade em busca de um aborto, afirmou na sexta-feira que espera que a história repercuta além do país africano, incluindo em lugares como os Estados Unidos, onde há movimentos atuantes antiaborto.

Mahamet-Saleh Haroun afirmou que foi inspirado a explorar o assunto após ler histórias sobre bebês abandonados ou mortos pelas suas jovens mães no Chade, onde o aborto é permitido apenas em casos específicos nos quais a vida da mulher está sob perigo.

“Falando com mulheres, descobrimos que são lutas que elas travam há muitos anos”, disse Haroun à Reuters, em entrevista. “Mas elas não falam sobre isso porque é vergonhoso, é um tabu”.

“Lingui”, cuja tradução seria “Laços Sagrados”, referência em certo momento do filme a laços familiares — gira em torno da mãe solteira Amina, estigmatizada a vida inteira, e que fica horrorizada quando sua filha de 15 anos fica grávida.

Em um primeiro momento aterrorizada de contrariar princípios islâmicos, ela acaba tentando ajudar a filha Maria, tentando equilibrar as dificuldades da vida cotidiana na periferia de N’djamena. A cor e os sons da extensa capital do Chad são trazidos à vida, em um ambiente repleto de luzes para seu desespero cada vez maior.

“O assunto afeta muitos países hoje em dia — seja na América Latina, até nos Estados Unidos há pessoas que são contra, no Marrocos, em todo lugar. Eu acho que essa voz de Chad pode também falar com pessoas ao redor do mundo”, afirmou Haroun.

(Por Michaela Cabrera e Sarah White)

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9 jul 2021, às 17h35.
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