por Redação RIC.com.br
com texto de Letícia Fortes e Mariana Toneti, do Portal Comunicare*

Curitiba sediou, na última quarta-feira (11), a primeira edição do TEDx PUCPR, na Biblioteca Central da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Com o tema “Muda Mundo: Transformando Sociedades”, o evento contou com palestras do músico Nando Reis, do jornalista e criador de conteúdo Ivan Mizanzuk e de mais 13 convidados. Houve plateia física, em número reduzido e respeitando medidas sanitárias de prevenção à transmissão de coronavírus; e transmissão ao vivo por YouTube.

O evento se caracterizou, principalmente, pelo convite ao questionamento de diversos paradigmas vigentes na sociedade. Durante seus discursos, cada um dos 15 palestrantes (ou speakers) apresentou problemas reais em diversas áreas do conhecimento e propôs ações concretas para ressignificar o estilo de vida humano. Com foco no encontro entre conhecimentos teóricos e a prática social, o TEDx PUCPR organizou-se a partir da conexão lógica e linear entre os temas das talks, produzindo uma narrativa informativa contínua e envolvente entre as palestras.

Percorrendo os temas Educação, Sustentabilidade, Social e Bem-Estar e Saúde, os palestrantes questionaram hábitos alimentares, de consumo presentes nas vidas de jovens e adultos modernos, bem como a dinâmica do convívio social e a importância do respeito à diversidade étnica, cultural e religiosa. Para as consultoras de imagem Karla Giacomet e Dani Amorim, que estiveram na plateia, a talk do Head de Conteúdo e Experiências da Slash Education Fábio Viviurka resgatou a importância de falar e assumir nossas vulnerabilidades.

Palestras: primeiro bloco

Fábio Viviurka foi o primeiro speaker do TEDxPUCPR e abriu o evento com uma confissão: “Eu gostaria de ser preparado para todas as derrotas da vida”. Ao falar sobre o medo de ser “cancelado”, Viviurka propôs a adoção de uma educação regenerativa que nos ensine a contar nossas histórias não somente a partir de todos os momentos de nossas vidas, tanto os de vitórias quanto os de derrotas.

“Gostei principalmente da metáfora que o Viviurka trouxe sobre os slashes ou barras da vida. Eu vi que já busco colocar alguns slashes na minha vida, mas não dessa forma como ele apresentou. Para mim, o insight é justamente este: nós podemos testar, experimentar e errar”

afirmou a consultora Dani Amorim.

Seguindo a conexão temática entre as talks, os speakers Jelson Oliveira, Lucas Felippe e Naomi Mayer questionaram aspectos centrais da relação do homem com a natureza e o meio ambiente: “Saúde Planetária”, “Economia e Cultivo Regenerativo” e “Alimentação como caminho para a transformação”. “Eu acho que as demais palestras, que falaram sobre a questão do nosso estilo de vida e do consumo, principalmente a do Jelson Oliveira, me trouxeram insights sobre o nosso papel. Parece que a extinção da espécie está longe, mas cada um de nós temos que abraçar esse papel hoje, porque não estamos mais protegidos pela ignorância. A gente sabe de tudo que está acontecendo. Então, acho que isso é um chamado”, comentou a consultora de imagem Karla Giacomet.

Palestras: segundo bloco

O segundo bloco do evento contou com as talks de Ivan Mizanzuk, Lucia Loxca, Hique Veiga e Silvonei Protz. O foco desse ciclo de palestras foi a relação entre sociedade e identidade humana, passando por temas como contradições entre senso comum e ciência, busca por autoconhecimento e pela superação na vida, e pluralidade da personalidade humana.

Utilizando o estudo do Caso Evandro como exemplo, Mizanzuk refletiu sobre as consequências de histerias coletivas na segurança pública no Brasil. Ele afirma que o homem é capaz tanto de acreditar em rituais sem embasamento algum quanto de desmenti-los através de um método científico criado por ele mesmo. “Eu passei a vida inteira procurando o Diabo, e não encontrei. Mas encontrei muita maldade feita por homens de bem”.

A arquiteta pela UFPR Lucia Loxca trouxe o relato de sua história de vida como prova da dualidade humana, seguindo a ideia contida na declaração de Mizanzuk. Como a segunda refugiada a completar uma graduação no Brasil, Lucia abordou o contraste entre a realidade bélica de Aleppo, sua cidade natal na Síria, e os desafios que enfrentou para se adaptar ao idioma e à cultura brasileira.

Para a estudante de Relações Públicas Larissa Fiorese, que esteve na plateia, a história de vida de Lucia foi emocionante.

“O depoimento mudou vários pensamentos meus e me estimulou a ver as coisas sob uma nova perspectiva. Para mim, o evento representa reconstrução, porque está mudando a forma como eu olho as coisas. Então, faz com que eu aprenda cada vez mais e reconstrua o conhecimento adquirido”

declarou a estudante.

Palestras: terceiro bloco

No terceiro bloco do evento, os speakers Luisa Urfali, Cris Alessi, Marcus Figueredo e Maíra de Mayo Loesch abordaram o conceito Saúde e Bem-Estar a partir de um olhar multidisciplinar, explicando e apresentando as contribuições que áreas como Design, Comunicação, Engenharia e Medicina exercem para a qualidade de vida humana.

“Para mim, o Design é sobre como nós podemos transformar nossa sociedade em um espaço mais humano e empático. Não só o Design pode ser multidisciplinar, mas a sua profissão também pode ser”, declarou a speaker Luisa Urfali, vencedora do Prêmio Shenzen de Design para Jovens Talentos com o projeto de mobiliário urbano ‘Fala’, projetado para reduzir os índices de suicídio e ansiedade através do encontro entre pessoas nos grandes centros urbanos.

Os speakers do quarto e último bloco do evento foram Rafael Camargo, Gesse Lima e Nando Reis, que abordaram o papel transformador da educação e do amor na sociedade. Ao conhecer diferentes expressões artísticas e culturais do Norte do Brasil, o designer e professor Rafael Camargo percebeu a potência transformadora do desenho na sociedade. Para o professor e arquiteto Gesse Lima, a educação nunca se restringiu ao ambiente escolar. “O que pode ser feito lá fora? Como podemos criar oportunidades para as pessoas? É aí que a gente percebe: o que realmente muda o mundo são as perguntas”, declarou Gesse.

O último speaker do evento, o músico Nando Reis, também expôs mais perguntas do que respostas ao falar sobre o tema ‘Amor em Transformação’. Em sua talk, Nando citou uma das canções mais famosas de sua carreira, chamada “Pra Você Guardei o Amor”. O músico revelou que uma de suas maiores dúvidas sobre o amor partiu da pergunta de uma de suas filhas: “como uma pessoa que fala e canta sobre o amor há tanto tempo, como lidar com o amor das outras pessoas por você?”.

Com mais de 30 anos de carreira, o músico paulistano confessou que ainda não descobriu a resposta para essa pergunta. “Sou bom com palavras, e também para cantar, mas nem tanto com um TED talk”, ironizou Nando. Embora sua talk tenha despertado mais perguntas do que respostas, o músico tem uma certeza sobre o amor:  “Quando você pensar no outro, a relação amorosa com o mundo tem que considerar não apenas aquilo que lhe serve. O amor pela vida é o amor pela terra”. 

*A publicação desta reportagem é uma parceria entre o RIC Mais e o curso de Jornalismo da PUCPR. Este conteúdo foi originalmente publicado no Portal Comunicare, portal laboratorial de notícias do curso de Jornalismo da PUCPR (www.portalcomunicare.com.br).

12 ago 2021, às 17h00. Atualizado em: 13 ago 2021 às 08h49.
Mostrar próximo post
Carregando