por TOMMO

O grupo de k-pop BTS estampa a capa da nova edição norte-americana da revista Billboard. Um pacote especial foi criado com diferentes capas, uma com cada integrante do grupo. A entrevista foi feita em Seul, na Coreia do Sul, em janeiro deste ano, em uma brecha na agenda concorrida do BTS após o início do sucesso nos Estados Unidos.

Eles podem parecer estranhos para quem não acompanha as redes sociais ou o cenário k-pop, mas o BTS é um dos maiores nomes do gênero. O álbum mais recente, Love Yourself: Her, lançado no ano passado, vendeu 1,58 milhão de cópias físicas em todo o mundo, de acordo com o BigHit, escritório que agencia o grupo. Nos Estados Unidos, o BTS começou a fazer barulho no ano passado, participando de premiações – incluindo uma apresentação no American Music Awards – e de programas de televisão de nomes de peso como Jimmy Kimmel e Ellen DeGeneres. O disco estreou em 7º lugar no ranking Billboard 200 em setembro e o BTS emplacou duas músicas no Hot 100, “DNA” em 67º lugar e o remix de “Mic Drop” feito por Steve Aoki com a participação do rapper Desiigner, em 28º lugar. São as posições mais altas na história da lista para um grupo de k-pop. Apenas nos EUA, foram 1,6 milhão de downloads e 1,5 bilhão de streams, de acordo com a Nielsen Music.

O BTS se conectou com millenials ao redor do globo por romper com padrões ortodoxos dos grupos de k-pop e de boybands. É claro, eles também dançam e cantam sobre amor, mas suas músicas também fazem críticas ao sistema educacional míope, ao materialismo e à mídia, com desabafos sobre uma estrutura que aparentemente joga contra as gerações mais jovens. “Honestamente, do nosso ponto de vista, todos os dias são estressantes para a nossa geração [todos os integrantes estão na faixa dos 20 anos]. É difícil conseguir um emprego, tem sido mais difícil do que nunca entrar na faculdade. Os adultos precisam criar políticas para facilitar uma mudança social. Agora, a classe privilegiada precisa mudar a forma de pensar”, diz RM. Suga continua o pensamento: “E não é apenas na Coreia, é no resto do mundo. O motivo pelo qual nossa música ressoa com as pessoas do mundo todo que estão entre seus 20 e 30 anos é esse”.

O exército de fãs do BTS – conhecido, ironicamente, como ARMY – é a força por trás do fenômeno: eles traduzem as letras e as entrevistas que o grupo dá na Coreia; fazem gincanas para subir o número de cliques, curtidas e visualizações, fazendo com que o grupo se destaque no Twitter e no YouTube; e se dedicam nas votações online. Nas redes sociais, O BTS impressiona. Já são 58 semanas no topo do ranking Social 50. Eles só perdem para Justin Bieber, mas seus números são o dobro de semanas que o terceiro lugar ficou na lista: ninguém menos que Taylor Swift.

Conforme se tornam mais famosos, os integrantes passaram a se policiar sobre o que pode ser mal interpretado quanto as suas posições políticas. Suga é o que mais fala sobre o assunto. Quando perguntado sobre os protestos pedindo a renúncia da presidente Park Geun-hye em Seul, ele trata de opinar: “Sobre o certo e o errado, a verdade e a mentira, os cidadãos se unindo e amplificando suas vozes é algo que apoio ativamente”.

RM, por outro lado, é mais alerta sobre possíveis sensibilidades. Sobre a recente morte de Jonghyun, do grupo de k-pop SHINee, que sofria de depressão e cometeu suicídio em dezembro do ano passado, ele diz: “Fomos dar nossas condolências naquela manhã. Eu não pude dormir naquela noite. Foi tão chocante porque víamos muito ele em eventos. Ele era tão bem-sucedido”. Suga adiciona: “Foi um choque para todos e eu gostava dele”. RM tenta finalizar o assunto, dizendo: “É tudo o que podemos dizer”, mas Suga volta: “Quero dizer a todos no mundo que se sentem sozinhos e tristes, espero que possamos criar um ambiente em que possam pedir por ajuda e dizer quando as coisas estão difíceis”.

A união dos integrantes impressiona. No início da carreira, em 2013, eles moravam juntos em um quarto pequeno, dormindo em beliches e aprendendo sobre os hábitos noturnos de cada um (Jimin se contorce de forma estranha e Jungkook começou a roncar). Eles ainda moram juntos, mas com um pouco mais de espaço – J-Hope e Jimin dividem o maior quarto – e pretendem continuar assim. “Quando estamos em casa, vamos aos quartos uns dos outros”, diz Jin. “Quando vou para casa [visitar a família], fico entediado, de verdade”, afirma Suga. “Se há um problema ou alguém está chateado, não deixamos de lado, falamos sobre aquilo na mesma hora”.

Sobre o futuro, o grupo não gosta de falar. Os integrantes e os produtores são evasivos quando são perguntados sobre o próximo álbum do BTS – eles aparentemente não planejam lançar um disco em inglês, dizendo que esse passo poderia alienar a base de fãs. Eles parecem contentes com os passos que estão dando. RM é filosofa sobre o tema: “Em coreano, a palavra ‘futuro’ é feita por duas partes. A primeira, significa ‘não’ e a segunda, ‘virá’. Nesse sentido, ‘futuro’ significa algo que não virá. Isso tudo para dizer: O futuro é agora e estamos vivendo nosso futuro”.

Matéria: Billboard Brasil

15 fev 2018, às 15h27.
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