Faço um mergulho para o mais profundo possível.

Vou para dentro de uma esfera azulada, fosforescente.

Eu vejo constelações que me guiam para dentro de mim.

Setas apontam para teu espírito que é de luz, sonho e vida.

Quero entrar pelo portal que me circunda com cores estroboscópicas. Devo?

Uma vez lá dentro, verei outra realidade. Estou preparado?

 

Encontro-me em um deserto escaldante e perigoso de dia.

À noite, o frio vai endurecer o meu corpo, eu bem sei.

Vim em busca do gêiser expiador de todos os males.

Quero esta fonte jorrante a me batizar no prazer infinito.

Eu exploro o deserto sem medo algum. Sou guiado pelas cores.

Digo teu nome em um mantra que está fixo em meu espírito.

 

Estou em busca de mim mesmo e desta vertente perfeita.

Jorra vida e prazer nas horas mais inusitadas da existência.

Gêiser surreal que explode com um toque especial de amor.

Observo a ave de rapina que gorjeia por sobre a imensidão de areia.

Explosão que me consagra como verdadeiro filho da luz.

Não é preciso espada para conquistar este reino, só paz…

 

Entrelaçar de línguas, braços, pernas e sexo. Tudo pulsa.

Encontro sagrado em meio à luz que banha o espírito insano.

Adormecido, o gêiser explode em fortes torrentes e jatos.

Artesianas sensações a percorrer os corpos unidos e molhados.

Vertente inesgotável da legítima água viva do batismo divino.

Líquido fervente para amainar o frio noturno do deserto.

 

Mergulho insólito este que faço sem pressa e sem medo.

Vou ao fundo de mim mesmo converso com o outro eu.

Expressões falam muito da vida que buscamos em sonhos.

E tudo treme quando a explosão se aproxima. Iminência!

O suor escorre pelos corpos e a fonte do prazer pulsa, lateja.

“Agora!”, anuncia. Abro meu espírito. Bebo. Afogo-me.

 

Jossan Karsten

 

27 fev 2020, às 00h00. Atualizado em: 5 jun 2020 às 11h26.
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