A manhã se abre como num sonho denso.

Há exaustão pura a preencher os corpos.

As almas estão saciadas e podem até voar.

Nem uma xícara de chá acalma os nervos.

Tudo está à flor da pele e os poros se abrem.

Foi louca a maratona de contorcionismo puro.

Variadas posições na busca única pela explosão.

O mudo virou do avesso junto com os corpos.

Nos lençóis, a marca de um sudário nada santo.

Prova definitiva de um encontro mais que carnal.

Lábios inchados denotam o prazer vivo sentido.

Mãos trêmulas não escondem a fadiga deliciosa.

Basta um lapso de energia para tudo se acender.

De novo a mescla na cópula surrealista e única.

Voo rasante rumo ao penhasco pontiagudo.

A umidade encharca a cama inteira e escorre.

Dedos, línguas, braços e pernas se entrelaçam.

O cansaço se evapora junto com o suor vertente.

Expiação pura no fogo vulcânico inevitável.

Propagação do prazer que reverbera pelas eras.

Jossan Karsten

Imagem de Efes Kitap por Pixabay 

10 set 2020, às 12h04.
Mostrar próximo post
Carregando