Sempre haverá um louco, um esquisitão falando de amor, de paixão.

Mesmo ante os infortúnios da vida, haverá um pregador da leveza.

São esses idiotas, sem escrúpulos que deixam a vida amena.

Que haja sempre esses doidos dispostos a falar o que pensam.

Onde os polidos fraquejam, os malucos ganham força e seguem.

Essa gente nada tem a perder e, por isso, eles vivem intensamente.

Malucos, chapados, maltrapilhos e otimistas não possuem coisas.

O nada ter é uma das melhores formas de caminhar sem medo.

 

Por nada, essas pessoas são esfoladas vivas. Perecem nos asfaltos, nas esquinas.

O sangue dos esquisitos não é considerado puro, tampouco reconhecido.

Todos os dias (ou noites) há imolação de quem fala de amor, de poesia.

Como cordeiros, os malucos são oferecidos em sacrifício a um mito diabólico.

Eles morrem, mas outros nascem e continuam a saga. Precisa ser assim.

A luz que entra pelas retinas dos esquisitos, incide em seus corações purificados.

Lacerados, eles caminham para frente e olham para o céu em busca da luz perfeita.

Sem alento, todos esses malucos contam com a proteção do acaso e se vão…

 

E eles saem por aí, pelos becos e estradas, falando de amor, divergindo do pragmatismo.

A liberdade dessa gente incomoda a muitos detentos da ala “ter cada vez mais”.

Encurralados em corpos balofos, muitos espíritos gritam de raiva dos esquisitos.

Os malucos são alvos fáceis de gente que não sabe o que é amor e que prega a divisão.

Eles morrem facilmente na ponta aguda da ganância que a tudo corta e corrompe.

Mesmo nos dias de sacrifício, não há tristeza para os esquisitos. Há esperança.

Eles não acreditam em causas, mas sim, na liberdade que é a vida.

Longe, no horizonte do medo, surge alguém assim e muda tudo com um sorriso.

 

Jossan Karsten

Imagem: Vladimir Kush

13 maio 2020, às 00h00. Atualizado em: 5 jun 2020 às 11h26.
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